terça-feira, setembro 27, 2011

Arábia Saudita: mulheres ganham direito a votar e a serem candidatas


Segundo o Jornal I "o anúncio do Rei Abdullah recebido com entusiasmo pela população surge para tentar acalmar sauditas perante revoluções nos países vizinhos. O país que continua a ser um dos mais retrógados em igualdade de género e cujo governo continua a temer uma revolução popular semelhante às que têm assolado o mundo árabe deu ontem um passo histórico para dar mais direitos às mulheres. O rei Abdullah da Arábia Saudita veio anunciar que, pela primeira vez na História do país, as mulheres sauditas vão, a partir de 2012, poder votar e ser candidatas a eleições municipais - as únicas no país. "Como nos recusamos a marginalizar as mulheres na sociedade em todos os papéis que estão de acordo com a Sharia [código de leis do islamismo], decidimos envolver as mulheres como membros do Conselho da Shura", explicou o rei saudita, em referência ao órgão que funciona como uma espécie de Parlamento do país, ainda que apenas consultivo e sem quaisquer poderes legislativos. "As mulheres poderão concorrer como candidatas nas eleições municipais e até terão o direito a votar", adiantou. O ''até'' usado pelo monarca durante o anúncio mostra o quão importante é este passo, mas também a contínua discriminação das mulheres no país. A Arábia Saudita continua a ser o único país do mundo em que as mulheres não podem conduzir e que continua a aplicar uma espécie de apartheid de género (mulheres e homens têm entradas distintas em espaços públicos) e um dos países árabes em que nenhuma mulher pode andar sozinha sem o guardião masculino. As mulheres sauditas estão ainda proibidas de viajar sozinhas para o estrangeiro. Esta não é a primeira medida do regime monárquico para tentar evitar que a população saudita não entre na onda de tumultos. No início do ano, perante a iminente queda dos regimes de Hosni Mubarak no Egipto e de Ben Ali na Tunísia, os sauditas convocaram protestos por mais direitos sociais e democráticos. Mas, até agora, as manifestações não chegaram a ganhar repercussão no país, sobretudo porque o governo (nomeado pelo rei) se apressou a anunciar benefícios sociais para a população. De acordo com o "The New York Times", o reino está a gasta, neste momento, 130 milhões de dólares (cerca de 96 milhões de euros) para aumentar salários, construir moradias e financiar organizações religiosas, entre outras despesas que têm conseguido manter a oposição calma. O valor avançado pelo diário nova-iorquino é quase irrisório perante as reservas monetárias da família real, que aumentaram em 214 mil milhões de dólares (158 mil milhões de euros) com os lucros obtidos pelas exportações de petróleo em 2010. O novo avanço de permitir que as mulheres votem nas eleições municipais - o único sufrágio público do país - não entra em vigor para já. Esta quinta-feira, os homens do reino saudita vão às urnas pela segunda vez na sua história para eleger metade dos representantes nos concelhos municipais locais, de entre cinco mil candidatos homens. A outra metade será apontada pelo governo. As próximas eleições municipais acontecerão dentro de quatro anos e só aí é que as mulheres sauditas poderão exercer o seu recém-adquirido direito a votar”.

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