Li no Jornal de Negócios, num texto da jornalista Maria João Babo que "os encargos que a Estradas de Portugal (EP) vai ter anualmente com as sete concessões rodoviárias, lançadas nos últimos três anos, serão, a partir de 2014, em média, 400 milhões de euros superiores às receitas. De acordo com o relatório de auditoria financeira realizado pela Inspecção-geral de Finanças (IGF) à empresa, entre 2011 e 2013, em que ainda vigora o período de carência destes contratos, não tendo a EP de pagar pela disponibilidade das infra-estruturas, as receitas serão superiores aos encargos no montante global de cerca de 91,3 milhões. Mas após este período, "os 'cash flows' médios anuais serão negativos num montante próximo de 400 milhões de euros até 2030". Isto significa, sublinha a IGF, que a partir de 2014, quando se iniciam os pagamentos por parte da EP previstos nos contratos, "serão registados avultados encargos líquidos anuais", que em termos acumulados atingirão os 6,3 mil milhões de euros até 2030. Entre 2010 e 2030, as previsões apontam para que a concessão Douro Interior apresente um "cash flow" líquido de 1,4 mil milhões negativos, a preços correntes. Seguem-se a Litoral Oeste e a Pinhal Interior, nas quais os encargos serão, neste período, mil milhões de euros superiores às receitas. Estas sete concessões, prevê a IGF, apenas a partir de 2039, quando ocorre o termo da maioria dos contratos, é que começarão a gerar receitas líquidas. O Governo pretende cancelar algum do investimento nas novas concessões, cortando troços em que não se iniciou a construção e cancelando conservação e manutenção. EP propôs alteração do contrato A par das novas concessões, a IGF alerta também para os encargos que a EP tem de suportar com as Scut e ex-Scut para concluir que a empresa pública "não dispõe de um modelo de financiamento que lhe permita assegurar a sustentabilidade económica e financeira". A administração da concessionária reconheceu terça-feira, no Parlamento, ter problemas de tesouraria e não conseguir neste momento obter financiamento. Em sede de contraditório ao relatório da IGF, a EP refere mesmo ter enviado já "à tutela uma alteração ao contrato de concessão, de modo a que o Estado pudesse conceder apoio financeiro directo e indirecto". Entre as possibilidades que chegaram a ser apreciadas pelo grupo de trabalho que ia reavaliar o modelo de financiamento da EP chegou a estar a alteração dos estatutos da empresa, que hoje a impedem de receber avales do Estado, os quais poderiam facilitar-lhe o acesso ao crédito. Nesse caso poderia deixar de ser sociedade anónima e voltar a entidade pública empresarial. A introdução de portagens nas Scut aliviou, segundo a IGF, os encargos líquidos da empresa com estas concessões. Segundo o relatório, a medida permite reduzir os encargos líquidos com estas vias de 592,8 milhões em 2010 para 343 milhões em 2015. Em resultado da introdução de portagens nas ex-Scut, refere a IGF, "haverá um benefício financeiro para a EP no valor global de 1.018 milhões de euros". A empresa contesta este valor, contabilizando-o, em termos de Valor Actual Líquido, em 1,7 mil milhões. E em 2,2 mil milhões com portagens na Beira Litoral e Alta. Nas negociações para portajar as Scut foi acordado o pagamento de reequilíbrios financeiros de 425 milhões à Ascendi e 291 milhões à Norscut"
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