
Como seriam os Açores sem vacas?
(Responsável pela Associação Nacional de Industriais de Lacticínios) - Os Açores não podem deixar de ter vacas. A vantagem natural dos Açores passa pela produção do leite e a produção de leite, nesta altura, não se consegue sem vacas. A genética ainda não chegou a tanto. A minha opinião é que não há Açores sem haver vacas. Não é possível, com o cenário actual, pensarmos como é que poderia ser a economia açoriana, a própria sociedade açoriana, se a sua principal sustentação em termos económicos – que neste caso é a pecuária e o leite – deixasse de existir. Se extinguirmos as vacas nos Açores, é a economia açoriana que fica em causa, é a própria sociedade açoriana que está em causa. A vaca é um elemento fundamental deste processo.
E os Açores com menos vacas?
Esta é uma questão já muito discutida. Há várias abordagens possíveis. A primeira questão é perceber o que significa ter menos vacas para produzir menos leite. E, neste caso, julgo que estamos a falar de uma produção que não é exactamente aquela que temos hoje nos Açores. Será uma produção menos intensiva, menos aproveitadora dos recursos que os Açores proporcionam, que é a erva, o pasto. Menos vacas poderá ter outras vantagens em termos ambientais, em termos turísticos. Mas isso significaria sempre não aproveitar o que, realmente, confere a vantagem aos Açores. E o que confere vantagem aos Açores, apesar de tudo, não é a vaca. É o pasto.Os Açores poderiam ter outra espécie de vaca para terem mais qualidade no leite?Esta é outra discussão que acho excessiva. Logicamente que o tipo de vaca escolhido faz sentido ser sistematicamente questionado. Muitas vezes, as opções que se tomaram há muitos anos podem não ser as correctas. Mas eu julgo que, mais importante que se está a discutir qual é a raça – e isso é importante – é discutir de que forma pode ser melhor aproveitado o que é, efectivamente, o património que os Açores têm. E, como digo, o património que os Açores têm, apesar de tudo, não é a vaca, mas sim a erva. Por isso, se calhar, muito da perda de energia que, em minha opinião, se está hoje a gastar numa discussão, por vezes, extremada relativamente ao tipo de raça que se deveria utilizar, esta energia podia ser canalizada para um melhor conhecimento sobre como o pasto pode ser valorizado. E como, com este melhor pasto, se pode produzir melhor leite".
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