
Finanças sem números
O Estado não sabe ao certo quantos organismos públicos existem. Não há um inventário geral e o próprio Ministério das Finanças escusou-se a indicar - após dois meses em que foi incessantemente questionado pelo DN - um número. "Um dos motivos pelos quais o Estado não consegue reduzir a despesa é porque não sabe ao certo onde cortar, pois não sabe quantos organismos tem." A crítica vem do investigador do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) João Cantiga Esteves, que fez essa contabilização: no total existem cerca de 13 740 entidades que se alimentam do Orçamento do Estado. Curioso é que foi juntando dados da Direcção-Geral do Orçamento - revelados de forma dispersa - que João Cantiga Esteves conseguiu chegar a estes números, confessou ao DN. Para o economista, "o número de organismos, em que se incluem secretarias e direcções-gerais, é um exagero. Um disparate". Nos últimos anos, em vez de uma redução, tem-se assistido a um aumento das "camadas" que assentam num modelo clássico que, por si só, já é muito pesado. Só nas administrações central e local existem 10 365 entidades, às quais ainda se juntam, de acordo com o investigador do ISEG, "a loucura dos institutos públicos, que é uma batotice feita há muito tempo, e das fundações, onde encontramos exemplos inacreditáveis". De acordo com o estudo realizado por Cantiga Esteves, existem 639 fundações, sendo que várias foram criadas ilegalmente. Ao realizar o estudo sobre organismos públicos, João Cantiga Esteves ficou também "admirado" com o universo de empresas públicas (1182) e alerta que estas servem, muitas vezes, para o Estado contornar os "problemas da contratação e das obras públicas". O investigador denuncia que, por exemplo no caso das empresas de transportes, o Estado reduziu as transferências compensatórias para estas entidades para não prejudicar o défice orçamental. Ou seja, "mandou-as literalmente endividarem-se". O que ainda piora o facto de o Estado ser pesado é, no entender do investigador, "a tendência dos últimos anos, em que ano após ano o Estado cresce". A decisão de alterar a situação tem de partir da classe política, algo que complica a situação. "Politizou-se demasiado o Estado, mais bem dito, partidarizou-se e daí que os níveis políticos do Estado tenham vindo por aí abaixo. Isso faz com que a máquina seja muito vaga e muito dependente daquilo que são as forças partidárias."
Reduzir 4600 a 7000 entidades
E se é consensual, entre a classe política e os especialistas, que o Estado português é pesado, sempre foram várias as dificuldades em reduzir a quantidade de organismos públicos e, consequentemente, o número de funcionários públicos. Marques Mendes, ex-líder de um dos partidos do bloco central e autor do livro Mudar de Vida, não tem dúvidas de que o peso do Estado só pode ser combatido com "redução das estruturas e das pessoas". Para Marques Mendes, "há muitas mais extinções de organismos exequíveis do que as anunciadas pelo Governo". O ex-governante acredita que passando serviços públicos para o domínio privado, torna-se possível reduzir consideravelmente os organismos públicos. Além disso, Marques Mendes denuncia diversas entidades em que existe "duplicação de funções", que podem ser extintas ou integradas noutros organismos. Daí que proponha a extinção de várias entidades. Também os especialistas estão de acordo quanto à necessidade de "emagrecer" o Estado. Enquanto João Cantiga Esteves defende "uma redução para metade dos organismos públicos", o professor do Instituto Superior Técnico Luís Valadares Tavares aponta para a necessidade de "reduzir em 30% os organismos públicos". Tais extinções significariam o fim de 4600 a 7000 entidades públicas. A redução de pessoal é outro dos caminhos "inevitáveis" para aliviar o peso do Estado na economia. Para Marques Mendes, "o Estado deve abrir mão de rescisões amigáveis na função pública. Fazer um investimento no futuro, mesmo que no ano em que as faça gaste imenso dinheiro em indemnizações". O objectivo é reduzir a despesa do Estado, que neste momento consome quase metade do PIB, e, de acordo com Valadares Tavares, "não deveria exceder um terço".
Reduzir 4600 a 7000 entidades
E se é consensual, entre a classe política e os especialistas, que o Estado português é pesado, sempre foram várias as dificuldades em reduzir a quantidade de organismos públicos e, consequentemente, o número de funcionários públicos. Marques Mendes, ex-líder de um dos partidos do bloco central e autor do livro Mudar de Vida, não tem dúvidas de que o peso do Estado só pode ser combatido com "redução das estruturas e das pessoas". Para Marques Mendes, "há muitas mais extinções de organismos exequíveis do que as anunciadas pelo Governo". O ex-governante acredita que passando serviços públicos para o domínio privado, torna-se possível reduzir consideravelmente os organismos públicos. Além disso, Marques Mendes denuncia diversas entidades em que existe "duplicação de funções", que podem ser extintas ou integradas noutros organismos. Daí que proponha a extinção de várias entidades. Também os especialistas estão de acordo quanto à necessidade de "emagrecer" o Estado. Enquanto João Cantiga Esteves defende "uma redução para metade dos organismos públicos", o professor do Instituto Superior Técnico Luís Valadares Tavares aponta para a necessidade de "reduzir em 30% os organismos públicos". Tais extinções significariam o fim de 4600 a 7000 entidades públicas. A redução de pessoal é outro dos caminhos "inevitáveis" para aliviar o peso do Estado na economia. Para Marques Mendes, "o Estado deve abrir mão de rescisões amigáveis na função pública. Fazer um investimento no futuro, mesmo que no ano em que as faça gaste imenso dinheiro em indemnizações". O objectivo é reduzir a despesa do Estado, que neste momento consome quase metade do PIB, e, de acordo com Valadares Tavares, "não deveria exceder um terço".
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