O jornalista do Sol, José António Lima fez as contas a concluiu que “nunca o voto do eleitorado socialista se terá fragmentado tanto e em tantas direcções como nas presidenciais.. Manuel Alegre era o candidato oficial do PS, mas a contragosto de muitos socialistas, que não lhe perdoam a colagem dos últimos anos à esquerda radical e às teses do Bloco de Esquerda, a rebeldia antipartido do seu avanço contra Mário Soares em 2006 ou as críticas recorrentes à governação de Sócrates. De acordo com o modelo de transferência de voto assente em matrizes a nível distrital, Alegre não terá captado mais de 1/5 dos eleitores socialistas (cerca de 405 mil dos mais de 2 milhões obtidos pelo PS nas últimas legislativas, de Setembro de 2009 - quase tantos como os 380 mil que terá ido buscar ao eleitorado do BE...). Para vários sectores do PS, como era o caso evidente da ala soarista, Fernando Nobre era o candidato alternativo de recurso, capaz de congregar muitos socialistas descontentes com a escolha de Alegre e de representar, nestas presidenciais, um papel semelhante ao do movimento cívico de Alegre nas eleições de 2006. Nobre ultrapassou as melhores expectativas e quase igualou, com os seus 14,1%, a votação do próprio Mário Soares há cinco anos (14,3%). Com quase 600 mil votos, o presidente da AMI terá conquistado votos em quase todo o leque partidário (150 mil no centro-direita, 80 mil entre os abstencionistas, 15 mil no PCP), com destaque para os eleitores do PS que o preferiram a Alegre: 285 mil. O voto socialista em Nobre foi predominantemente de eleitorado urbano, do litoral do país e de várias capitais de distrito. No confronto directo Alegre-Nobre, o candidato dos soaristas apenas vence em 24 concelhos (ver mapa ao lado), com destaque para as vitórias nos distritos de Leiria, Aveiro e Faro”.
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