
EMPRESAS PARA CONTORNAR LITÍGIO COM GESTOR DA REFER
Manuel Godinho conseguia contornar o contencioso que tinha com a Refer apresentando-se aos concursos públicos com outras empresas. Apesar de o administrador da Refer, Luís Pardal, lhe ter fechado portas, o sucateiro obtinha informação privilegiada através de outros gestores. Manuel Guiomar e José Valentim eram ‘informadores’, tal como Carlos Vasconcelos. Desta forma, Godinho conseguiu contratos com propostas de valores mais elevados do que os concorrentes. A 2nd Market e a SCI são duas das empresas criadas por Godinho para se apresentarem aos concursos públicos da empresa ferroviária.
ADMINISTRADOR PRESSIONOU TESTEMUNHA
Victor Machado Baptista, administrador da REN e também arguidos no processo, pressionou a testemunha Andrade Lopes no sentido de condicionar o teor do seu depoimento no inquérito. Por este facto, o MP decidiu alterar a medida de coacção mínima ao arguido, acusado de cinco crimes de corrupção e de participação económica em negócio. O quadro da REN está proibido de contactar, por qualquer forma ou meio, a testemunha Andrade Lopes. Será ainda obrigado a pagar uma caução de 10 mil euros. O MP decidiu pedir que Manuel Godinho fique em prisão preventiva, por considerar que há perigo de fuga, bem como um grave perigo de perturbação do processo. Para o MP, há ainda o perigo de Manuel Godinho poder comprar ou adulterar a veracidade das provas e de continuar a prática das actividades delituosas.
NEGÓCIO PT/TVI DEFINITIVAMENTE ENCERRADO
O dossiê PT-TVI está definitivamente encerrado. Na acusação agora deduzida, não há qualquer referência à tentativa de compra do canal de televisão pela empresa pública. O Ministério Público também cortou referências a José Sócrates e alegados contactos que os arguidos – designadamente Armando Vara – garantiam ter com o primeiro-ministro. Quanto aos documentos que dizem respeito à investigação por atentado contra o Estado de Direito – entretanto abortada por decisão do Supremo Tribunal de Justiça –, fazem parte de uma extensão procedimental, criada fora do processo.
MP QUER 838 MIL EUROS DOS ARGUIDOS
Um balde de gelo, um cantil e até um fruteira sem asas pertencente a José Penedos. Estes foram alguns dos objectos apreendidos aos arguidos durante a operação, e que o Ministério Público pede agora que sejam declarados a favor do Estado. O procurador pediu ainda que os arguidos devolvam mais de 838 mil euros, dinheiro obtido através de negócios ilícitos. A lista de objectos a devolver é bastante extensa, e nela constam pequenas coisas como garrafas de vinho, cabazes e relógios. José Penedos terá de devolver até uma caneta, e o filho, Paulo Penedos, uma pequena jarra. Já Armando Vara ficará sem um estojo com um decantador. O procurador considera que todos estes objectos foram ganhos na sequência de favorecimentos pessoais e, como tal, devem ser entregues ao Estado. Mas, além dos objectos, os arguidos poderão ainda ter de restituir elevadas quantias de dinheiro, que estão em parte incerta. Só João Godinho, filho de Manuel Godinho, terá de declarar a favor do Estado quase 104 mil euros, dinheiro que tinha guardado numa conta em seu nome. O procurador considerou que essa quantia não é congruente com o seu rendimento e que o montante foi obtido através de actividades ilícitas.
Paulo Penedos é, no entanto, o arguido a quem cabe devolver a maior quantia. O advogado terá de dar ao Estado mais de 256 mil euros, dinheiro que adquiriu entre 2008 e 2010. Segundo a acusação, mais de 386 mil euros foram obtidos através dos crimes de participação económica em negócio e de burla qualificada. Cem mil euros foram obtidos através de crimes de furto qualificado”
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