sexta-feira, novembro 26, 2010

Censura? Programa satírico “Contra-Informação” acabou

Dizem as jornalistas do Publico, Cláudia Bancaleiro e Ana Machado, que "o “Contra-Informação”, programa de sátira política exibido há quase 15 anos na televisão pública, acabou. A RTP não renovou para o próximo ano o contrato com a Mandala, produtora do programa, e os bonecos de “Acabado da Silva” e “José Trocas-te” vão deixar de aparecer na estação pública. “Acabou”, confirmou ao PÚBLICO Nuno Artur Silva, que ao lado de Rui Cardoso Martins e José de Pina, foi autor da ideia original do “Contra-Informação”. O também fundador das Produções Fictícias, onde eram criados os textos para o programa, sublinha que o fim do “Contra-Informação” não foi uma “decisão abrupta”. “O fim do programa já vinha sendo falado. Houve uma conversa entre a Direcção de Programas da RTP e a Mandala e a decisão foi tomada”, adiantou Nuno Artur Silva. Questionado sobre se este seria também o fim para um formato como o do “Contra-Informação”, o ficcionista indicou que apesar da decisão de pôr um ponto final ao contrato entre RTP e Mandala “não foi fechada completamente a porta” a este tipo de programas. “Se será este o formato, se vai ser reformado, não se sabe”, acrescentou. O autor também não quis avançar razões para o cancelamento do contrato, remetendo explicações para o director de Programas da RTP, José Fragoso. Nuno Artur Silva lamentou, no entanto, o fim do “Contra”, o “programa de humor há mais tempo no ar”. “É um feito chegar a 15 anos de programa. É uma coisa rara na televisão portuguesa. Acima de tudo, há que fazer um saldo positivo deste programa, que deixou marcas na cultura portuguesa”. Foi José Fragoso que deu a primeira indicação do final do “Contra”. “Chegou ao fim um ciclo. Já lá vão 14 anos”, disse o responsável da estação de televisão pública, sem mais detalhes, segundo uma notícia publicada esta madrugada no site do “Correio da Manhã”. O PÚBLICO contactou a Direcção de Programas da RTP e a direcção da Mandala mas, até ao momento, nenhum das empresas se mostrou disponível para falar sobre esta decisão. A reunião que ditou o fim do “Contra” terá decorrido esta semana. Mafalda Mendes de Almeida, directora-geral da Mandala, tinha avançado no passado dia 19 ao “Diário de Notícias” que ia haver um encontro com a RTP no dia 25 para discutir o futuro do programa, mas sublinhou que nada indicava que a parceria iria terminar. “É verdade que vamos ter uma reunião com a RTP no dia 25, mas não tenho qualquer indicação no sentido de não haver uma renovação do formato. Sempre tivemos uma óptima relação com as direcções de programas da RTP, e agora também com o José Fragoso. Acho mais sensato tirar conclusões depois de a reunião acontecer”, disse ao diário. Ao DN, José Fragoso admitiu no mesmo dia que o formato do “Contra” poderia “vir a sofrer alterações”, mas sublinhou que o fim do programa não estava “para já em cima da mesa”. Nuno Santos, que trabalhou cinco anos com a equipa da Mandala enquanto director de Programas da RTP, e pelas mãos de quem o programa passou de diário a semanal em 2006, afirmou ao PÚBLICO que não estabeleceu contacto com a empresa ainda, no sentido de puxar o formato para a SIC. “Não é uma questão que se coloque”, disse.
Antes do “Contra” havia o “Jornalouco”Em 1992, não havia “Contra-Informação”, havia o “Jornalouco”, exibido na SIC. Seguiram-se “Desculpem Qualquer Coisinha” e “Cara Chapada” e só depois os bonecos da sátira chegaram à RTP, quatro anos depois de o programa estar no ar. O “Contra” teve honras de emissão antes do jornal da noite da estação pública, mantendo-se depois no horário nobre, mas às 21h00. Nos últimos anos foi descendo na grelha de programas e, ultimamente, era exibido perto das 23h00, só às quintas-feiras. Durante todo este tempo, uma equipa de vários manipuladores deram vida a mais de 120 bonecos, que contaram aos portugueses, em versão humorística, os casos sérios da actualidade nacional
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