quinta-feira, setembro 02, 2010

Turismo perdeu 30 mil empregos nos últimos dois anos....

Escreve a jornalista do Publico, Raquel Almeida Correia, que o turismo está na época alta mas os indicadores de emprego mostram que o sector continua a perder postos de trabalho. Nos últimos dois anos, foram eliminados perto de 30 mil empregos na hotelaria e restauração.Duas actividades que, apesar de já estarem a recuperar de parte das perdas sofridas no ano passado, mantêm quebras ao nível das receitas. No entanto, são mais as empresas criadas do que as que fecharam as portas. De acordo com as últimas estatísticas de emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE), no segundo trimestre de 2010 o sector empregava 287 mil trabalhadores. No mesmo período de 2008, eram mais de 316 mil as pessoas que tinham como ocupação principal o negócio do alojamento, restauração e similares, em Portugal. Isto significa que, em apenas dois anos, o turismo perdeu quase 30 mil postos de trabalho. Foi a partir de 2008 que esta diminuição de pessoal começou a sentir-se. Nos anos anteriores, os dados do INE mostram que a tendência era de crescimento. Aliás, entre 2006 e 2008, foram criados praticamente mais 40 mil empregos no sector. A conjuntura económica terá sido o motor deste emagrecimento, levando as empresas a reduzir os custos ou a encerrar a actividade. "A crise está a ter um impacto significativo no sector por causa da diminuição do poder de compra", explicou ao PÚBLICO o secretário-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP). José Manuel Esteves diz que o sector está "num dilema: como manter a qualidade dos produtos e do serviço, como manter a competitividade e como manter a empregabilidade?".
Receitas no vermelho

A questão da manutenção dos postos de trabalho é "especialmente preocupante", acrescentou o responsável. "Estamos a mandar para o desemprego muitas pessoas. Encerraram centenas de restaurantes e, na hotelaria, muitos estabelecimentos optam por fechar na época baixa. E acreditamos que o desemprego pode acentuar-se no próximo Outono". Um inquérito realizado pela AHRESP aos empresários da restauração revelou que, em 2009, mais de 65 por cento registou uma quebra nas vendas. E que, destes, perto de 40 por cento tiveram uma diminuição superior a 20 por cento. Nos primeiros seis meses deste ano, o número de estabelecimentos com prejuízos diminuiu, mas ainda continua a representar mais de 50 por cento do universo total de associados. Na hotelaria, os proveitos obtidos entre Janeiro e Junho de 2010 (759,5 milhões de euros) estão em linha com igual período homólogo do ano passado (761,1 milhões). No entanto, quando comparados com as receitas geradas no primeiro semestre de 2008, verifica-se uma quebra de 12,7 por cento, já que, nesse período, os estabelecimentos hoteleiros facturaram 870,4 milhões de euros.

Indícios de recuperação

O último boletim estatístico do Banco de Portugal (BdP) dá conta de uma inversão nas quebras registadas pelo sector das viagens e turismo. Nos primeiros seis meses do ano, os proveitos subiram 7,4 por cento, em comparação com período homólogo de 2009. No entanto, esta categoria inclui todas as actividades turísticas. Não só os hotéis e os restaurantes, mas também as agências de viagens e a animação. A única excepção é a venda de passagens aéreas. Ainda assim, há outros dados que mostram que a hotelaria e a restauração estão menos frágeis do que no ano passado. Nomeadamente, os indicadores do Ministério da Justiça relativos à constituição e dissolução de sociedades. No primeiro trimestre de 2010, 474 empresas suspenderam a actividade. No mesmo período do ano passado, houve 611 encerramentos. No que diz respeito a criação de sociedades, entre Janeiro e Março, foram 848 as aberturas, ultrapassando os 763 novos registos de 2009".

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