segunda-feira, setembro 13, 2010

Rússia: guerras informativas voltam à luta política..

Li no Jornal I um interessante artigo segundo o qual, "as guerras informativas, muito frequentes nos anos 90, regressaram à luta política na Rússia, sendo Iúri Lujkov, presidente da Câmara de Moscovo, o principal “alvo a abater”. O dirigente da capital russa é acusado de corrupção e de favorecimento das empresas da sua esposa, Iúlia Baturina, a mulher mais rica da Rússia e uma das mais ricas do mundo. Tudo começou em Agosto, quando Moscovo se viu envolta por uma densa nuvem de fumo proveniente dos incêndios florestais nos arredores da cidade. Nessa altura, segundo algumas fontes, Lujkov estava a passar férias nos Alpes austríacos. Quando regressou à capital russa, o primeiro ministro Vladimir Putin elogiou a sua decisão de ter suspenso as férias, mas o presidente Dmitri Medvedev criticou-o pelo atraso na reação aos acontecimentos. Iúri Lujkov reagiu publicamente e declarou que o Kremlin lhe deu um “pontapé”. Uma fonte anónima do Kremlin, citada pelas três principais agências de informação russas, acusou o dirigente moscovita de “tentar dividir” o dueto Putin-Medvedev e, na passada sexta feira, o presidente russo aconselhou-o a “passar para a oposição”. Nesse mesmo dia, a Televisão Independente (NTV), controlada pela empresa russa Gazprom, apresentou o documentário “O segredo está no boné” (os bonés são das peças de vestuário preferidas do dirigente de Moscovo), onde se acusa Lujkov de estar rodeado de corruptos e de dar preferência à esposa, cuja empresa Inteko tem fortes interesses na construção civil na capital. No sábado, o mesmo canal mostrou uma reportagem sobre a restauração do monumento “Operário e Camponesa”, um dos símbolos da cidade. Segundo o jornalista, os trabalhos, realizados por uma das empresas de Iúlia Baturina, custaram quase quatro mil milhões de rublos (cem milhões de euros). Hoje, o canal público “Vesti 24” acusou a Câmara de Moscovo de estar por detrás da demolição de edifícios históricos ligados a personalidades como os escritores Mikhail Bulgakov e Alexandre Pushkin, ou o compositor Rimski-Korsakov. Outro canal público “Rossia” promete mostrar, no principal serviço de notícias, um documentário “O bolo repartido”, também sobre a corrupção em Moscovo. O canal TVTs, controlado por Iúri Lujkov, reagiu aos ataques considerando que tem lugar “uma campanha cada vez mais semelhante às campanhas do período das guerras informativas dos anos 90” e revelando que o dirigente moscovita, mesmo durante as férias, acompanhava a situação na cidade. Boris Grizlov, que, tal como Lujkov, dirige o Partido Rússia Unida, comentou que as acusações devem ser “atentamente analisadas”. Porém, Liubov Sliska, vice-presidente da Duma Estatal (câmara baixa do Parlamento) da Rússia e também dirigente do Partido Rússia Unida, considera que “Lujkov deixou passar o momento oportuno para se demitir”. Os analistas consideram que estes ataques a Lujkov são mais um episódio da luta entre Medvedev e Putin pelo cargo de Presidente da Rússia nas eleições de 2012. “Aqui decide-se qual será o candidato. Se Medvedev conseguir afastar Lujkov, reforçará a sua posição. Caso contrário, se os homens de Putin vencerem nesta contenda, Putin será o candidato nas presidenciais”, defende a politólogo Maria Litvinovitch, em declarações à rádio Eco de Moscovo".

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