quinta-feira, setembro 02, 2010

"Professores estão a ser formados para o desemprego"

Li no Publico um trabalho da jornalista Graça Barbosa Ribeiro, sgeundo o qual "um dia depois da colocação de docentes, João Grancho pede medidas políticas que permitam adequar oferta à procura. O Presidente da Associação Nacional de Professores (ANP), João Grancho, defendeu ontem a criação de mecanismos que permitam adequar a oferta de formação inicial de professores à procura. "O número de professores colocados neste concurso e nesta altura do ano não baixou em relação ao ano passado - pelo contrário. O desemprego aumenta porque as instituições de ensino superior continuam a formar docentes para os quais não existe qualquer expectativa de virem a exercer aquela profissão, devido à quebra de natalidade", afirmou. "Há seis anos que vimos a alertar para a necessidade de tomar uma decisão política para evitar uma situação que começa a ser dramática - o país está a formar professores para o desemprego", frisou João Grancho, num comentário aos cerca de 32 mil docentes que nesta fase não conseguiram colocação. No ano passado, foram colocados, no final de Agosto, através do concurso destinado a satisfazer as chamadas necessidades transitórias das escolas, cerca de 15 mil docentes. Anteontem foram 17.276 os que garantiram colocação. A Federação Nacional de Professores (Fenprof) e a Federação Nacional de Educação (FNE) preferem, contudo, sublinhar outro dos aspectos também criticados por João Grancho - o facto de continuarem a aumentar os professores colocados nesta fase por um ano lectivo inteiro e com horário completo. Segundo dados apurados Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC/Fenprof), este ano encontram-se naquelas circunstâncias 13.974 docentes; muitos mais do que no ano passado (9663), em 2008 (4384) e em 2007 (2810). "Isto acontece porque, apesar de se terem reformado 15.210 professores desde 2007, apenas entraram nos quadros 396", insiste Mário Nogueira, o dirigente da Fenprof que, à semelhança dos líderes da FNE e da ANP, reclama a abertura de concurso para lugares nos quadros em 2011. A indignação é partilhada por Lucinda Dâmaso, da FNE, que considera "inaceitável a utilização destes professores - que vivem na mais completa precariedade, sem carreira e com um vencimento baixo - para satisfazer as necessidades permanentes das escolas". Os três dirigentes dizem ser cedo para calcular o número de desempregados, já que, até Dezembro, serão contratados pelas escolas muitos dos professores que ontem não ficaram colocados. "Em 2009, até ao final do primeiro período, o número subiu dos 15 mil para os 22 mil", exemplificou Lucinda Dâmaso.
Surpresa com "retirados"
Mário Nogueira, da Fenprof, alertou ontem para a necessidade de encontrar explicação para o elevado número de professores (5500) retirados do concurso por não terem "manifestado preferência" por escolas - "Desistiram? Terão pensado que não tinham de o fazer devido à expectativa de renovação do contrato?" Fonte do gabinete de imprensa do Ministério disse não ter resposta, mas lembrou que "aquele é um critério fundamental para o concurso".

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