O que se passou na RTP esta semana à volta do sr. Cruz e da sua condenação, acusado de actos de pedofilia no âmbito do processo Casa Pia, não foi jornalismo, não foi coisa nenhuma. Foi um descaramento vergonhoso, uma tentativa de "limpar" factos que os portugueses desconhecem - por isso não podem ajuizar - um conjunto de fretes da estação pública a um seu antigo trabalhador, agora quase apresentado como um "anjinho" vitima da justiça e de cabalas políticas e outras lucubrações do género. Repito, até a sentença transitar em julgado não há culpados nem condenados. Não emito juízos de valor sobre o processo e as condenações. Há recursos anunciados, há inocências reclamadas, há órgãos na justiça que se pronunciarão em definitivo sobre estas confusões e contradições todas. E cada um tem a liberdade, o dever até, de reclamar inocência. Mas faça-o pelas vias legais, não através da televisão, manipulando, porventura mentindo, quem sabe se distorcendo, enganando as pessoas e atacando a justiça pelo simples facto de o ter condenado. Espera-se que esta pouca-vergonha na RTP, uma empresa com responsabilidades acrescidas - por ser uma estação 100% do estado - acabe imediatamente de uma vez por todas, e que os critérios "jornalísticos" que mais não são que lamentáveis cedências a pressões e fretes descarados, cessem, sob pena de termos novos episódios à volta de um comportamento pouco dignificante. Repito, isto nada tem a ver com o que o sr. Cruz fez ou não, com os actos pelos quais foi condenado, etc. Isto tem a ver com ética e deontologia jornalística, algo que nalguns programas da RTP deixa muito a desejar, aliás como a ERC repetidamente tem denunciado.
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