Há dias, o Jornal I revelava num texto da jornalista Ana Sá Lopes que "José Sócrates tem insistido com Carlos César, o presidente do Governo Regional dos Açores, para que seja o seu sucessor no cargo, quando o secretário-geral decidir abandonar a liderança do PS, apurou o i junto de fontes socialistas. O objectivo é travar a candidatura a secretário-geral de António José Seguro, que está praticamente "na rua" - e a última coisa que Sócrates quer é ser substituído por Seguro, um velho "inimigo íntimo". A "experiência governativa" de Carlos César - 14 anos consecutivos à frente do governo regional dos Açores - é o principal argumento de Sócrates para convencer César. A preparação de uma sucessão dentro de um círculo de confiança socrático justifica-se, no entender de fontes próximas, para que o PS possa estar preparado para todos os cenários, incluindo uma saída antecipada de Sócrates - na sequência de uma crise política ou de outra razão em que a sua permanência no governo e no PS se torne insustentável. Embora o cenário mais provável em caso de abertura de crise política a seguir às presidenciais seja uma nova candidatura de José Sócrates a primeiro-ministro, o próprio quer estar preparado para a volatilidade das coisas. E António Costa, o presidente da câmara de Lisboa e número 2 do PS, tem repetido insistentemente a sua indisponibilidade para se candidatar à chefia dos socialistas no pós-Sócrates. Mas a mesma relutância tem afirmado Carlos César, que só termina o mandato de presidente do governo regional dos Açores em 2012. Sobra Francisco Assis, o único dentro do núcleo socrático que não tem excluído a hipótese de suceder a Sócrates. Seguro nos fogos A ideia de que António José Seguro está em campanha para a corrida à liderança do PS não é nova. Seguro tem participado em múltiplas sessões partidárias nos últimos anos e "peritos" socialistas admitem - ou temem, conforme a perspectiva - que a vitória de Seguro venha a ser uma real possibilidade. Daí que todos as movimentações do cabeça-de-lista por Braga sejam seguidas com preocupação pelos socráticos indefectíveis. A deslocação de Seguro, na época mais dura dos incêndios, ao Gerês, à frente de uma delegação de deputados do PS de Braga, irritou de sobremaneira o "status quo" socrático. Seguro foi às zonas ardidas de Braga três dias depois da visita de Sócrates e Cavaco ao centro de operações e antecipou-se ao líder da oposição, Passos Coelho, que só se deslocou às áreas ardidas a 19 de Agosto. "Acabei de visitar as zonas ardidas do Gerês (...) Tenho um sentimento de enorme tristeza. O combate aos incêndios evoluiu. É necessário fazer igual aposta na estratégia de prevenção e de reflorestação, em diálogo com as populações e os autarcas", escreveu Seguro no dia 16 de Agosto na sua página do Facebook. "Temos é que iniciar o mais rápido possível a estratégia de prevenção. Até porque é mais barata que a do combate aos incêndios", defendeu também. A direcção do PS não gostou”.
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Nesse mesmo dia surgiu o desmentido. Segundo noticiava então o Sol, "o presidente do PS/Açores, Carlos César, desmentiu «categoricamente» a possibilidade de suceder a José Sócrates na liderança do PS a nível nacional, considerando que o atual líder socialista «é o melhor candidato à sua sucessão». «Nem o assunto está na ordem do dia nem, se estivesse, consideraria uma tal hipótese», afirmou Carlos César, que também é o presidente do Governo Regional dos Açores, numa declaração à Lusa. A posição de Carlos César surge na sequência de notícias hoje divulgadas, segundo as quais José Sócrates estaria a tentar convencer Carlos César a avançar para lhe suceder na liderança do PS. A experiência de Carlos César à frente do Governo Regional dos Açores seria um dos principais argumentos utilizados pelo líder socialista para convencer o presidente do PS/Açores a avançar para a liderança do partido a nível nacional, escreve hoje o jornal I. Na declaração à Lusa, Carlos César afasta, no entanto, essa possibilidade e elogia a atuação de José Sócrates. «Sou dos que entendem que o primeiro-ministro tem dirigido o governo com uma competência e uma determinação que estão ao alcance de poucos e que o tem feito em condições absolutamente difíceis e agravadas pelos efeitos importados da crise internacional», afirmou Carlos César. O líder do PS/Açores frisou, por outro lado que não considera Pedro Passos Coelho «uma alternativa fiável para o país», salientando que, «se o governo for privado do orçamento necessário para governar, será uma demonstração de irresponsabilidade do PSD que a sua nova liderança pagará muito caro".
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O Presidente do PS-Açores, que é também o chefe do Governo Regional, lançou ontem um forte ataque ao Presidente da República ao apontar as diferenças entre Cavaco Silva e Manuel Alegre. Carlos César também falou do Orçamento de Estado e da revisão constitucional.
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