Segundo o DN de Lisboa, num texto do jornalista João Cristovão Batista, "as pequenas, médias e microempresas estão a passar grandes dificuldades devido ao repentino aumento dos custos dos empréstimos: as comissões pela abertura de processos dispararam e os spreads cobrados pelos bancos na renegociação de créditos ou na atribuição de novos empréstimos agravaram-se em 40% nos últimos dois meses. O alerta foi feito ao DN pelo presidente da Associação das Pequenas e Médias empresas de Portugal (PME Portugal), que diz que desde o início de Junho as empresas passaram a pagar spreads que variam entre os 4,5% e os 5%; antes o prémio cobrados pelos bancos era de 3,5% no máximo. Este aumento está a conduzir muitas PME para situações de "verdadeira desgraça", afirmou José Alves da Silva. "Há cerca de dois meses atrás, os spreads praticados rondavam, de um modo geral, os 3,5%", explicou o presidente da PME Portugal, frisando que "actualmente estes valores rondam os 4,5% e os 5%, o que corresponde a aumentos entre 1 e 1,5 pontos percentuais. De acordo com José Alves da Silva, é na renegociação de créditos a curto prazo para as microempresas que o aumento dos spreads se tem feito sentir com maior intensidade: "Este tipo de empresas carrega, pela sua dimensão reduzida, um grande estigma de risco do crédito, o que conduz a este tipo de acontecimentos", sublinhou o responsável. Em declarações ao DN, o presidente da PME Portugal confessa temer que estes aumentos "sejam apenas um início, um balão de ensaio para uma subida ainda maior dos spreads aplicados às PME" na renegociação de crédito. Embora a subida dos spreads esteja a tornar ainda mais difícil a sobrevivência de muitas PME, o grande problema reside na dificuldade de acesso ao crédito. "Os processos são extremamente burocráticos e dispendiosos. Isto obriga a que os empresários recorram a serviços externos, o que eleva o custo dos processos, em alguns casos para mais de 600 euros", adiantou José Alves da Silva, recordando que "para algumas empresas isto representa a despesa mensal com o salário de pelo menos um funcionário".
Este tipo de práticas - aumento dos spreads e das comissões cobradas - tem sido usado como forma de sustentar o crescimento dos lucros dos bancos. "É, por isso, urgente uma intervenção do Governo", defende. "É preciso regular os spreads e as comissões bancárias, sob pena de condenar muitas empresas ao encerramento, principalmente microempresas", alertou. As PME representam 99% do tecido empresarial português e geram 75% do emprego".
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