José Eduardo Moniz desfere ataque contra RTP
José Eduardo Moniz, Director-geral da TVI, desferiu hoje, num artigo de opiniáo publicado no Diário Económico, com o título "RTP - o ponta-de-lança activo": "Acho que Sócrates e os seus ministros estarão contentes por se ter desferido mais um golpe importante nos operadores privados de televisão. Não é do desconhecimento geral que este Governo convive mal com a Comunicação Social e com a liberdade que a sua actividade implica. Isso é notório relativamente aos operadores privados da televisão e, em particular, à TVI. Se não se pode dominá-los ou controla-los, ao menos, pode-se enfraquece-los. É a essa luz que esta operação deve ser vista com a RTP como ponta-de-lança activo. Não interessa qual o custo, pois o dinheiro não lhe custa a ganhar, uma vez que sai do bolso de todos nós. Vivemos num país surreal em que o Governo até chega a considerar normal, como aconteceu hà pouco tempo com o orçamento do ano passado, que a RTP não cumpre o seu orçamento, porque teve de festejar 50 anos. Ficam assim todos os portugueses legitimados a perguntar se devem pagar impostos sempre que passem a fasquia do meio século. É evidente que a TVI vai querer conhecer ao pormenor todos os aspectos do acordo, tanto nas implicações financeiras,como em relação a outras contrapartidas que a RTP tenha dado à Sport TV, a bem da transparência a que uma entidade prestadora de um suposto serviço publico está obrigada. Tendo a proposta da TVI sido a mais alta oferta alguma vez feita pela Estação e, creio, dificilmente igualável no mercado português, estou cheio de curiosidade para perceber até que ponto vai o conceito de Serviço Publico de Televisão que a Administração da RTP e o Governo partilham. A “estacão publica” cada vez mais surge como braço armado de uma estratégia para debilitar aqueles que, um dia, decidiram investir num sector como o audiovisual, acreditando que Portugal até era um mercado onde a livre concorrência podia funcionar sem introdução de factores de distorção. Cada vez há mais limitações de todo o tipo a incidir sobre a actividade dos privados (regulatórias, financeiras e outras) e se aperta a malha sobre o seu enquadramento funcional. Até o lançamento de um Quinto canal, num mercado indigente como o nosso criará ainda mais dificuldades. Os próprios promotores irão sentir, eles mesmos, na pele, o dramatismo da situação. Nada tenho contra o alargamento da oferta em termos conceptuais e numa sociedade desenvolvida. Na presente conjuntura, e numa lógica de crise económica profunda como a que se vive, a fragmentação vai enfraquecer todos, a bem de quem está no Poder e do seu instrumento televisivo preferencial, que pode sempre recorrer ao poço sem fundo do Orçamento do Estado.Convenhamos que, para quem converte a actividade governativa num modelo oleado de propaganda, não está nada mal...Estou ansioso por ouvir a justificação para considerar a Liga de Futebol um serviço publico a exigir tamanho esforço do Estado...Também eu e todos os Portugueses queremos perceber o que vai ficar de fora da grelha da RTP sendo, de facto, serviço publico. Aliás, o Estado bem pode gastar dinheiro no futebol! Nós até nem temos problemas na Saúde, na Segurança Social, no fecho de empresas, no Desemprego, etc, etc.. Que tristeza..Estas opiniões são da inteira responsabilidade do Dr. José Eduardo Moniz, não comprometendo, como tal, a TVI e a respectiva Administração".
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