segunda-feira, julho 14, 2008

Construção: notícia preocupante

Considero preocupante, diria mesmo alarmante e inesperada uma notícia veiculada hoje pela primeira página do Diário Económico, num texto intitulado "Construtora do Tâmega vende negócios para evitar falência", da autoria das jornalistas Ana Baptista e Sara Piteira Mota, o qual ajuda a perceber a amplitude da crise que por aí vai e a volatilidade reinante nalguns sectores: "A empresa fundada há 60 anos pela família Mota, principal accionista da Mota-Engil, luta pela sobrevivência. As dívidas já obrigam à venda de activos. Os credores recorreram ao tribunal e a Tâmega luta contra o tempo. É o caminho para a salvação de uma empresa com mais de 60 anos e que atravessa uma situação financeira delicada nos últimos três. A Construtora do Tâmega, empresa criada por José Fonseca e Manuel Mota, fundador da Mota-Engil, accionou um plano para saldar o seu passivo que consiste na venda de “alguns activos não estratégicos para o ‘core business’ da empresa”, disse ao Diário Económico Hélder Pereira, um dos administradores da construtora. As causas são simples: um passivo brutal, dívidas a fornecedores e divergências numa administração que se encontra actualmente sem líder.“A conjuntura económica e o facto de termos investido em áreas que não eram o nosso ‘core business’ foram as principais razões para esta situação”, explica Hélder Pereira. Apesar de ter já um plano de recuperação em marcha, a construtora irá, muito provavelmente, falhar o prazo que tinha acordado com os fornecedores para pagamento das dívidas. De acordo com documentação a que o Diário Económico teve acesso, a Tâmega garantiu que pagaria estas dívidas num prazo de 30 dias a contar do dia 12 de Junho, um prazo que já terminou. O Diário Económico apurou ainda que a empresa conta com 25 processos em tribunal, num total de 13 milhões de euros. Mas esta é apenas uma pequena parte da dívida aos fornecedores que deverá atingir os 160 milhões de euros, segundo noticiado pela imprensa em final do ano passado. A solução passa agora por vender activos não estratégicos, como refere Hélder Pereira. É o caso da Vialitoral, uma concessão de auto-estrada de 44 quilómetros na Madeira, onde a Tâmega detém 22,4%, e ainda de todo o património imobiliário construído ou por construir, em Portugal e no estrangeiro, como por exemplo um terreno para um ‘resort’ no Brasil e o empreendimento Horta dos Vimes, em Alenquer. O encaixe previsto com a venda de património ainda não está definido, mas com a alienação da Vialitoral a Tâmega espera receber 15 milhões de euros, que será alocado ao abatimento das dívidas. O processo ainda está numa fase inicial, isto porque as outras empresas que integram a concessão, como a Somague ou a Zagope, têm direito de preferência na compra da participação da Tâmega. Só se elas não estiveram interessadas é que os 22,4% podem ser vendidos a terceiros".

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