sexta-feira, setembro 02, 2022

As mortes estranhas dos oligarcas russos

Mais um oligarca morreu esta quinta-feira, estendendo a lista de baixas entre os multimilionários próximos do Presidente russo, Vladimir Putin. Uns terão alegadamente cometido suicídio depois de matarem a família, outros saltaram de janelas. Em 2022, pelo menos nove oligarcas russos foram encontrados mortos em circunstâncias peculiares. Putin, ainda antes de ser eleito, prometeu tomar medidas contra a oligarquia russa, muito criticada na década de 1990. Com o seu Governo, “deixariam de existir como classe”, afirmava. Contudo, o problema de Putin não era a elite que tinha enriquecido à custa da privatização de antigas empresas estatais russas. Era, antes, uma oposição poderosa. Em duas décadas na presidência, terá levado a cabo perseguições que obrigaram magnatas ao exílio, além dos que foram mortos ou presos. Sobrou a oligarquia que, em silêncio, financiou Putin mas que, nos últimos tempos, não tem tido grande apoio.

Ravil Maganov

O presidente do conselho de administração da segunda maior empresa privada de petróleo da Rússia, a Lukoil, uma das poucas empresas a criticar a guerra na Ucrânia, morreu esta quinta-feira depois de ter caído da janela de um hospital em Moscovo. Com 67 anos, era um dos executivos mais antigos da empresa. Caiu da janela do sexto andar do Hospital Clínico Central, segundo fontes policiais citadas pelo site de notícias RBC. Os media estatais russos, citando fontes policiais anónimas, afirmam que a morte de Maganov está a ser tratada como um caso de suicídio. Maganov é o segundo alto executivo da Lukoil a morrer em circunstâncias misteriosas nos últimos meses, uma vez que a polícia russa já abriu um processo criminal depois da morte do antigo executivo da empresa, Alexander Subbotin, no início de Maio.

Alexander Subbotin

O multimilionário que já esteve entre os executivos de topo da Lukoil, foi encontrado morto depois de ter sido sujeito a um suposto tratamento contra a ressaca, avançou o jornal Moscow Times, no dia 9 de Maio. O homem de 43 anos foi encontrado sem vida em Mytishchi, perto de Moscovo, na manhã seguinte a um tratamento alegadamente executado por Alexey Pindyurin e Kristina Teikhrib, dois xamãs, mais conhecidos pelos nomes religiosos Magua Flores e Tina Cordoba, respectivamente. O tratamento passaria por realizar um corte na pele e expor a ferida a veneno de sapo, um poderoso alucinogénio rico numa toxina com propriedades psicadélicas.

Andrei Krukovsky

O oligarca morreu no dia 3 de Maio depois de ter caído de um penhasco, na fortaleza de Aczipsinskoy, localizada na cidade de Sochi. O homem de 37 anos não resistiu aos ferimentos resultantes da queda e o óbito foi declarado no hospital. Krukovsky era o diretor geral da estância de esqui de Krasnaya Polyana, que estava sob a gestão da Gazprom. Foi a própria empresa quem confirmou a sua morte à agência de notícias russa TASS, indicando que o homem de 37 anos “amava as montanhas”, tendo encontrado “a paz nelas”.

Serguei Protosenia

A 20 de Abril, ​Protosenia, a mulher e a filha, de 18 anos, foram encontrados mortos numa moradia em Espanha, de acordo com a emissora espanhola Telecinco. As autoridades não descartam a hipótese de todos terem sido assassinados. Ainda assim, a hipótese que se mantém como mais válida é a de que o oligarca terá matado a família e tirado a própria vida em seguida. Protosenia foi gestor da Novatek, gigante russa do gás natural, e acumulava uma fortuna de centenas de milhões de dólares.

Vladislav Avaev

A 18 de Abril, o ex-vice-presidente do Gazprombank foi encontrado morto no seu apartamento de luxo na Universitetsky Prospekt, em Moscovo, junto com a mulher e a filha. O apartamento estava trancado do lado de dentro e uma pistola foi encontrada nas mãos de Avaev, levando os investigadores a concluir que o oligarca disparou mortalmente sobre a mulher e a filha antes de se matar – tal como Protosenia. Os corpos foram descobertos por um parente que, depois de não ter conseguido estabelecer contacto durante vários dias seguidos, se dirigiu à casa da família.

Vasili Melnikov

A 24 de Março, o jornal russo Kommersant noticiou a morte do multimilionário Vasily Melnikov em Nizhny Novgorod, a sexta maior cidade do país. De acordo com investigações policiais, o chefe da empresa médica MedStom, alvo de várias sanções ocidentais, foi encontrado morto no apartamento junto com a sua mulher e dois filhos. Todos eles morreram esfaqueados, o que levou os investigadores a concluírem que Melnikov terá morto a sua mulher, de 41 anos, e os filhos, de 4 e 10 anos, antes de se suicidar. A polícia não encontrou quaisquer vestígios de interferência externa ou de uma possível luta no apartamento.

Mikhail Watford

Com 66 anos o magnata russo foi encontrado enforcado na garagem da sua casa na cidade de Surrey, no Reino Unido, a 28 de Fevereiro. A polícia britânica foi quem investigou o caso e, quando concluiu, não ficou esclarecido se se tratava de um caso de homicídio, por falta de provas. Nenhuma carta de suicídio foi também encontrada no local. O oligarca, que nasceu na Ucrânia e mudou o seu nome original de Tolstosheya para Watford, fez a sua fortuna e construiu a sua reputação através de empresas de petróleo e gás, após o fim da União Soviética. Morava com a mulher e com os seus três filhos, que encontraram o seu corpo.

Alexandre Tiulakov

Com 61 anos, foi o segundo oligarca a aparecer morto em circunstâncias inexplicáveis, mas o primeiro registado depois da invasão à Ucrânia. Foi encontrado no dia 26 de Fevereiro enforcado na sua vivenda na região de São Petersburgo. Não foram encontradas quaisquer provas que apontassem para um possível homicídio e o caso foi encerrado.

Leonid Shulman

Esta foi a primeira morte ligada à gigante empresa estatal russa Gazprom e a única que ocorreu ainda antes do início da invasão russa à Ucrânia. Na época Shulman era o principal gestor da empresa e foi encontrado morto na casa de banho da sua vivenda em Leninegrado. A seu lado estava uma nota que levou a polícia a acreditar que se havia suicidado, segundo a agência de notícias russa RBC. O oligarca encontrava-se de licença médica quando morreu (Publico, texto do jornalista Guilherme Pinheiro)

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