A estirpe original do coronavírus começou a desaparecer à medida que surgiam novas mutações. Agora, a descoberta de uma nova estirpe no Reino Unido, numa zona onde houve um aumento considerável de casos recentemente, está a levantar mais uma série de questões. A possível ligação já foi apontada pelos responsáveis de saúde britânica e pelos especialistas que acompanham o caso no Reino Unido: há uma nova variante da Covid-19 a circular no país – e foi detetada sobretudo na região onde houve recentemente um aumento das transmissões da doença. Sabe-se, há muito, que as mutações não são algo necessariamente mau: os vírus sofrem alterações quando fazem cópias de si mesmo, depois de se alojarem num hospedeiro, para assim infetarem outras células. E estes vírus RNA são mais propensos a ligeiras alterações à medida que essa multiplicação é feita. Em muitos casos, acredita-se que uma mutação pode mesmo tornar o vírus mais fraco. Mas em outras situações podem tornar o agente patogénico mais infecioso e provocar doenças mais graves.
À primeira vista, esta última mutação encontrada no Reino Unido parece
estar a ajudar o vírus a espalhar-se mais rapidamente – não se sabendo, no
entanto, se se tornou mais mortífero ou ainda se conseguirá fintar o efeito de
uma vacina. Entre todas as alterações sofridas e identificadas desde há um ano,
uma mutação específica, a chamada D614G, é a mais comum; ao mesmo tempo,
estirpes anteriores, como a L original e a V, têm vindo a desaparecer gradualmente.
Só que agora que já há uma vacina a ser distribuída no Reino Unido, os mais
diversos especialistas consideram que é preciso estar vigilante para
compreender os efeitos da recente mutação e a forma como ambos interagem.
Na maioria dos casos, entre os vários cientistas ouvidos pela Sky News,
apesar de tudo não há razões para estar pessimista: “seria surpreendente se
tivesse algum efeito”, declarou logo Chris-Witty, médico e conselheiro chefe do
governo britânico – depois de Federico Giorgi, investigador da Universidade de
Bolonha que coordenou um estudo sobre estirpes da Covid-19, ter considerado, em
declarações ao Science Daily, que “o SARS-CoV-2 já estaria otimizado de forma a
afetar o ser humano”. E isso, no seu entendimento, quer também dizer que os tratamentos
agora desenvolvidos, incluindo as vacinas, podem ser eficazes contra todas as
estirpes do vírus”.
Mas também há quem insista que é preciso “permanecer vigilante e
monitorizar quaisquer novas mutações” – como Lucy van Dorp, investigadora do
University College of London Genetics Institute, ou Catherine Bennett,
presidente da faculdade de epidemiologia da Universidade Deakin, em Melbourne,
Austrália, que há muito tempo defende estarmos perante um vírus que se
transmite por surtos gerados em mega-eventos, não necessitando por isso de ser
muito contagioso. “Se o vírus mudar substancialmente, particularmente no
espigão que se liga à proteína para infetar o ser humano, temos de considerar
que poderá escapar a uma vacina.” (Visão)
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