domingo, dezembro 13, 2020

TAP: Receitas em 2021-2022 vão estar aos níveis de 2006-2007

 



Apesar do alento que a introdução de uma vacina contra a covid-19 está a gerar em várias áreas económicas, a verdade é que na aviação civil a imunização vai demorar a chegar. E para a TAP também. As previsões de receitas inscritas no plano de reestruturação - numa versão de trabalho a que o Dinheiro Vivo teve acesso - vão estar muito abaixo dos níveis dos últimos anos. Aliás, será necessário recuar no tempo, vários anos, para encontrar os níveis esperados para o próximo ano.

No ano passado, as receitas da companhia aérea ascenderam a 3,3 mil milhões de euros, neste ano afundaram e em 2021-2022 a TAP, prevê-se, terá receitas entre 1,3 mil milhões de euros e dois mil milhões de euros. Valores que a transportadora registou em 2006-2007, altura em que contava com 6.850 trabalhadores. A TAP não tem dúvidas que vai perder vários milhões de euros em receitas até ao ano de 2025. As estimativas apontam para que, face aos 3,3 mil milhões gerados em 2019, em 2021 a quebra seja de 60%, esbatida ao longo dos anos seguintes. Só em 2025, as previsões apontam, é que as receitas vão estar próximas dos 3,3 mil milhões. Também por isso, o plano aponta que a procura será quase 50% menor em 2021 que o ano passado. Os níveis de 2019 só serão alcançados após 2025.

Os cortes ao nível de pessoal são também outro dos itens para poupanças. Os sindicatos já tinham avançado, e a imprensa noticiado, que além da não renovação de 1600 contratos a prazo ao longo de 2020, o objetivo passa por dispensar cerca de 2000 pessoas mais: 500 pilotos, 750 tripulantes e 750 pessoal de terra. Este despedimento de efetivos deverá gerar poupanças na ordem dos 250 a 300 milhões de euros por ano.

A empresa, indica o documento que o Dinheiro Vivo teve acesso, conta até ao final deste ano lançar um pacote de medidas voluntárias, entre as quais, rescisões por mútuo acordo, tempo parcial, licenças não remuneradas de longo prazo, o que reduzirá a necessidade de outras medidas. O plano diz ainda que, sem ajustes dos custos laborais, a TAP não conseguirá cumprir os requisitos da Comissão Europeia e não sobreviverá. E por isso define que é necessário um ajuste da massa salarial entre os 250 milhões de euros e os 300 milhões por ano.

No âmbito da reestruturação, a companhia aérea procedeu também a negociações com lessors e fornecedores que estão e vão dar benefícios financeiros. O plano antecipa que os benefícios financeiros com a frota (lessors e fornecedores) ascenda a 1,3 mil milhões de euros. E a renegociação com mais de mil fornecedores e otimizações nas diferentes categorias vão gerar poupanças entre os 200 milhões e os 225 milhões de euros. O governo enviou esta quinta-feira o plano de reestruturação para Bruxelas. O documento tem como cenário base que em 2021 a TAP venha a necessitar de um apoio de Estado de 970 milhões de euros. Ao Dinheiro Vivo, fonte do governo tinha indicado já que não será necessário um orçamento retificativo para acomodar esta despesa. Portugal e Comissão Europeia vão negociar o plano para a TAP, o que deverá demorar alguns meses. O plano final só será conhecido após o fim das negociações (DN-Lisboa e Dinheiro Vivo, texto da jornalista Ana Laranjeiro)

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