Cinco anos de Marcelo em Belém só não são aprovados por 20% dos portugueses. Portugueses esperam competência e honestidade, acima de tudo, num Presidente “Sou exatamente o mesmo”. Marcelo confirmou com estas palavras, no início desta semana, a sua recandidatura à Presidência, e a sua aposta na confiança que inspirou o seu primeiro mandato parece ter chão para colher frutos. Segundo a sondagem feita pelo ISCTE e ICS para o Expresso e SIC, 49% dos portugueses mostram-se “algo” satisfeitos com a maneira como Marcelo desempenhou o cargo aos longo dos últimos cinco anos, juntando-se a estes 29% que se declaram mesmo “muito” satisfeitos com esse desempenho. No lado contrário, apenas 20% dos eleitores se mostram descontentes: 16% pouco e 4% nada satisfeitos com os cinco anos de Marcelo Presidente. Os dados são ainda mais contundentes quando vistos por grupos sócio-demográficos.
Aí, percebemos como 88% dos eleitores que
mostram simpatia ou proximidade ao PS dão nota positiva a Marcelo, apenas dois
pontos menos do que os (90%) simpatizantes do PSD. Ou como até na mais ampla
“esquerda” ideológica há 73% de notas positivas para o atual chefe de Estado,
próxima dos 80% que colhe à direita. A nota só é um pouco mais baixa, de 70%,
quando os inquiridos se afirmam “sem simpatia partidária”.
A satisfação com Marcelo, de resto, é bastante transversal: assinala-se em 81% dos homens e 75% das mulheres; atinge os 84% e 83% entre os mais novos (dos 18 aos 24 anos) e mais velhos (maiores de 65) e os 85% entre os inquiridos com formação superior. E só é um pouco mais baixa no escalão etário dos 25 aos 44 anos (73%) e entre os portugueses com instrução secundária - não superior.
Com as presidenciais apenas a seis semanas de distância, que qualidades são mais desejáveis num Presidente? A sondagem Expresso-SIC deixou a pergunta e as respostas mostram que há duas preocupações essenciais: “Deve ser competente” e “deve ser honesto” - colhendo 37% e 31% das respostas, respetivamente. Só depois, com 18%, os inquiridos responderam que “deve ser justo”. O elemento “autoridade” ficou abaixo de todas as outras respostas, com apenas 13% das respostas dadas.
Ficha técnica
Sondagem com trabalho de campo decorrido
entre os dias 11 e 25 de novembro de 2020. Foi coordenada por uma equipa do
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do
ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), tendo o trabalho de
campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído
pelos indivíduos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos e
capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal Continental. Os respondentes
foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza
as variáveis sexo, idade (4 grupos), instrução (3 grupos), região (NUTII) e
habitat/dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz
inicial de região e habitat, foram selecionados aleatoriamente 80 pontos de
amostragem onde foram realizadas as entrevistas, de acordo com as quotas acima
referidas. A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na
residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto em eleições
legislativas recolhida recorrendo a simulação de voto em urna. Foram
contactados 2847 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao
universo) e obtidas 802 entrevistas válidas (taxa de resposta de 28%). O
trabalho de campo foi realizado por 37 entrevistadores, que receberam formação adequada
às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação
por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a
pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses
residentes no Continente com 18 ou mais anos, a partir dos dados da vaga mais
recente do European Social Survey (Ronda 9). A margem de erro máxima associada
a uma amostra aleatória simples de 802 inquiridos é de +/- 3,5%, com um nível
de confiança de 95%. As percentagens são arredondadas à unidade, podendo a sua
soma ser diferente de 100% (Expresso, texto dos jornalistas David Dinis e Sofia
Miguel Rosa)
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