quarta-feira, fevereiro 07, 2024

Sondagem: inquiridos recusam maioria absoluta e preferem governo AD com acordos à direita


Governo liderado pela AD, com base em acordos à direita, incluindo o Chega, é a opção preferida pelos entrevistados no estudo de opinião da Católica. Maioria defende governo do partido mais votado. Um governo apoiado pelo PSD, o CDS, o PPM e outros partidos à direita é considerado o melhor para o país por 31% dos inquiridos na sondagem feita pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1.
Em segundo lugar vem a preferência por um governo apoiado pelo PS e outros partidos à esquerda, com 23% das preferências – ou seja, para 54% dos inquiridos é melhor para o país um governo baseado em acordos entre vários partidos, dos quais 31% preferem um governo de direita e 23% um de esquerda.
Por outro lado, uma expressiva maioria de 83% dos entrevistados não acredita que das eleições legislativas antecipadas de 10 de Março vá resultar um governo de maioria absoluta e apenas 11% acreditam nessa hipótese. Todavia, 53% dos inquiridos consideram que se não houver maioria absoluta deve governar o partido mais votado.
E 41% defendem que deve governar o partido que recolher apoio maioritário dos deputados à Assembleia da República, nestas eleições que foram convocadas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, devido à demissão do primeiro-ministro, António Costa, na sequência da Operação Influencer. No âmbito dessa investigação, foram constituídos arguidos, entre outros, o ex-chefe de gabinete de António Costa Vítor Escária, e o ex-ministro das Infra-Estruturas João Galamba.


Dos entrevistados que assumiram tencionar votar na Aliança Democrática (AD), coligação entre o PSD, o CDS e o PPM, 64% consideram que deve governar o partido mais votado e 32% preferem o que tiver maior representação na Assembleia da República. Já entre os que têm a intenção de votar no PS, há um empate de 48% pelas duas soluções.
A leitura cruzada destes dados revela, assim, uma escolha clara dos inquiridos, nesta sondagem de Fevereiro do Cesop, por governos de acordo entre os partidos do mesmo campo político-parlamentar, comparativamente a executivos assentes numa maioria absoluta de deputados de um só partido ou de uma só coligação, como é o caso da AD. Esta preferência pela não-existência de uma maioria absoluta, medida pelo estudo de opinião da Universidade Católica, surge depois de o PS ter governado nos últimos dois anos com base numa maioria absoluta na Assembleia da República.
Mas demonstra também o que tem sido revelado por estudos de opinião – que a sociedade considera positiva a governação de António Costa, entre 2015 e 2019, baseada em acordos parlamentares bilaterais do PS com o BE, o PCP e o PEV.
16% querem AD com Chega
Num eventual acordo para a formação de um governo de direita, 16% dos inquiridos entendem que neste deve ser incluído o Chega e 14% a Iniciativa Liberal. Mas entre os inquiridos que manifestaram a intenção de votar na Aliança Democrática, um acordo com a IL é o preferido, com mais de 24% a apoiarem esta solução, seguindo-se o Chega com 15% das indicações de preferência.


O maior nível de rejeição por parte dos inquiridos é relativamente à formação de um governo de maioria absoluta, quer seja do PS, quer seja do PSD. A primeira hipótese é a preferida de apenas 8% dos inquiridos e a segunda é escolhida por 11%. Já um governo apoiado pelo PS e pelo PSD recolhe 15% das opções dos inquiridos.
Em linha com os resultados da primeira parte da sondagem de Fevereiro do Cesop, publicada esta segunda-feira, sobre a intenção de voto, dos 32% dos inquiridos que assumiram querer votar AD, 47% afirmam preferir a opção de uma aliança dos partidos de direita e 33% optam por um governo de maioria absoluta desta coligação entre o PSD, o CDS e o PPM.
Já nos 28% dos entrevistados que indicaram ir votar no PS a solução de um acordo dos socialistas com os outros partidos de esquerda é a escolhida por 48%, enquanto 31% preferem uma maioria absoluta do PS.
No que diz respeito aos partidos que devem constituir um acordo à esquerda com o PS, 19% preferem o Bloco de Esquerda (BE). A coligação entre o PCP e o PEV, a CDU, é a preferida de 12%. Segue-se o Livre com 6% e o PAN com 4%.
Quanto aos entrevistados que afirmam votar PS, o BE tem 40% das preferências, a CDU 26%, o Livre 13% e o PAN 7%.
Ficha Técnica
Este inquérito foi realizado pelo CESOP – Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena1 e Público entre os dias 24 de janeiro e 1 de Fevereiro de 2024. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram seleccionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efectuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objectivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 1192 inquéritos válidos, sendo 45% dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 32% da região Norte, 20% do Centro, 32% da A. M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 5% do Algarve, 2% da Madeira e 3% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base nos dados do recenseamento eleitoral. A taxa de resposta foi de 30%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1192 inquiridos é de 2,8%, com um nível de confiança de 95%.
* Foram contactadas 3917 pessoas. De entre estas, 1192 aceitaram participar na sondagem e responderam até ao fim do questionário (Publico, texto da jornalista São José Almeida)

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