Apesar de não participarem de forma massiva em partidos políticos, os jovens têm "opiniões fortes". Elas são inequívocas em temas fraturantes da sociedade, em comparação com eles. As raparigas distanciam-se dos rapazes em vários temas fraturantes da sociedade, como a interrupção voluntária da gravidez, a morte medicamente assistida e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Independentemente do género, a maioria dos jovens a residir em Portugal diz “concordar” ou “concordar totalmente” com os respetivos temas e, por consequência, com as leis aprovadas ou em vigor no país. No entanto, a sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF mostra uma maior percentagem de mulheres entre os 18 e os 34 anos a dar “luz verde” a assuntos geralmente pouco consensuais na população, quase de forma inequívoca.
No caso da chamada “lei da eutanásia”, aprovada em março deste ano no Parlamento pela quarta vez e publicada em Diário da República a 25 de maio, há uma diferença de 14 pontos percentuais entre o sexo feminino e o sexo masculino. Há mais raparigas a “concordar totalmente” com a morte medicamente assistida, em situações de grande sofrimento, com lesão definitiva de gravidade extrema ou doença grave e incurável. Em ambos os géneros, são os mais escolarizados, com ensino secundário ou superior, a ter uma opinião favorável a esta lei.
A psicóloga clínica Margarida Gaspar de Matos nota que, mesmo com poucos jovens inseridos em partidos políticos, se nota uma “geração empenhada e informada” com “opiniões fortes” sobre vários assuntos. “É um resultado positivo”, afirma ao JN.
Conversam menos
É visível também a unanimidade em torno da interrupção voluntária da gravidez. Quase 70% dos jovens são favoráveis. Porém, entre as mulheres e os homens há uma diferença de 19 pontos percentuais na resposta “concordo totalmente”. Elas apoiam, quase sem dúvidas, o direito ao aborto. Passa-se o mesmo no casamento entre pessoas do mesmo sexo: 61% das mulheres “concordam totalmente” contra 33% dos homens, entre o total de inquiridos.
A relação com a Internet é feita sobretudo para aceder às redes sociais (75%), a ouvir música (51%)e ver televisão, filmes e séries em streaming (46%). Uma minoria (8%) participa em jogos online com prémios a dinheiro. A consulta à Internet é feita “várias vezes por dia”. Os resultados não são estranhos para a psicóloga clínica. Margarida Gaspar de Matos alerta, porém, para “as opiniões menos refletidas”. “A Internet deu rapidez às nossas vidas e conversa-se menos. Temos menos tempo para calçar os sapatos dos outros”.
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80%
dos jovens entre os 18 e os 34 anos utilizam o Instagram. São as mulheres e os mais novos (com menos de 25 anos) a preferir esta rede social. O Facebook está em queda (quarto lugar).
À lupa
Acesso
A maioria acedeu pela primeira vez à Internet com menos de 15 anos (79%) e foram sobretudo os com mais habilitações (Secundário e Superior).
Ambiente
As práticas “amigas do ambiente” que os inquiridos têm no dia a dia são “fazer a reciclagem de resíduos” (65%) e “comprar menos roupas e acessórios” (35%) (Jornal de Notícias, texto da jpornalista Rita Neves Costa)
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