segunda-feira, julho 17, 2023

Opinião: Os incendiários do racismo

Em Portugal, França, Angola, EUA, Rússia e por aí fora, mas só quem olha para a realidade por um telescópio ideológico é que pode dizer que hoje há mais racismo do que no passado. É mentira e são, muitas vezes, essas pessoas que dão gás aos palermas.

Quando era miúdo adorava a noite de Santo António, e a dos outros santos, e não me importava de fazer longos quilómetros a pé quando a festa terminava, à semelhança do dinheiro. Tenho, por isso, no currículo, dezenas de festejos. Este ano, depois de ter prometido a mim próprio que nunca mais sairia na noite de 12 para 13 de junho, acabei por ceder aos apelos de amigos e lá fui até à Bica. Depois de conseguir passar por entre uma multidão em euforia, qual passagem de ano, cheguei ao pé dos meus amigos que estavam sensivelmente a meio da famosa rua do elétrico, o bairro que ganhou as marchas deste ano.

E o que vi? Centenas de casais Benetton, entre negros e brancos, brancas e negros, asiáticos e brasileiros, e por aí fora. Tenho 57 anos e de ano para ano vejo, felizmente, mais casais de raças e etnias diferentes e não percebo por que se diz que hoje em dia há mais racismo. Atrasados mentais  que olham para as pessoas de acordo com o seu tom de pele, ou de religião ou de preferências sexuais sempre existiu e sempre existirá. Em Portugal, França, Angola, EUA, Rússia e por aí fora, mas só quem olha para a realidade por um telescópio ideológico é que pode dizer que hoje há mais racismo do que no passado. É mentira e são, muitas vezes, essas pessoas que dão gás aos palermas que é preciso combater de uma forma muito mais inteligente e sem lhes dar a importância que querem que se lhes dê.

Na Bica, como em qualquer lugar público, a maioria do povo entende-se e encaixa-se, mas nada impede que existam racistas de todas as cores e feitios. Aliás, ao querer dizer-se que o racismo é um exclusivo dos brancos está praticamente tudo dito.

Para que não fiquem dúvidas, abomino o racismo e afins, mas estou do lado de um antigo jogador de futebol, agora em maus lençóis, que quando lhe atiraram uma banana decidiu comê-la em vez de ir para os balneários.

P. S. O que se passou em França é intolerável, um polícia não pode matar um cidadão só porque não parou numa operação stop. Que façam as devidas investigações para saber se a Polícia francesa está ou não infiltrada de racistas. Mas olhem para os desacatos da mesma forma. Isto é: não se podem permitir polícias racistas, como não se podem permitir que vândalos queiram destruir uma forma de vida, que assenta em princípios básicos, como a democracia, a liberdade e o respeito pela livre iniciativa. Os vândalos franceses que provocaram o caos no país deviam responder perante a justiça, à semelhança do agente que assassinou o rapaz que fugiu à operação stop. Não perceber isto é só dar gás aos medos que apregoam (Jornal i, texto do jornalista Vítor Rainho)

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