segunda-feira, fevereiro 21, 2022

CDS: Melo avança mas ala mais conservadora movimenta-se


Nuno Melo avançou mas os setores mais próximos do atual líder não vão ficar quietos. O ultra conservador Miguel Mattos Chaves entrou no jogo. O eurodeputado Nuno Melo confirmou este sábado à tarde que é candidato à liderança do CDS. O anuncio foi feito na sede nacional do partido, em Lisboa. Nuno Melo avançou dizendo que "hoje não começa a última batalha de um CDS perdido" mas antes "a primeira batalha para um CDS renascido", batalha pela qual está disposto a dar "o peito às balas".

O eurodeputado recordou que no Parlamento a Iniciativa Liberal (IL) pediu para se sentar entre o PS e o PSD (o que considerou "um exercício de honestidade") e o Chega, por sua vez, quer sentar-se "à direita do próprio regime". Assim, "há todo um espaço entre a IL e o Chega" e "esse espaço é nosso e temos de lá voltar": "O CDS faz falta a Portugal" e "enquanto acreditarmos, o CDS não acabou": "Não me resigno ao facto de o espaço político que o CDS significa não estar representado neste momento na Assembleia da República."

Nuno Melo reconheceu que "o primeiro obstáculo" ao regresso do CDS à vida parlamentar é o financeiro, devido à forte perda de receita com o desaparecimento parlamentar do partido. Assim, ele próprio nos próximos dois anos não receberá nada enquanto presidente do partido.

"Novas realidades"

Depois falou nas dificuldades "quase psicanalíticas" que o partido enfrenta e, nesse contexto, a urgência de "reconciliar o CDS com o seu passado". "Não há espaço para zangas, não há espaço para tribalismos, não há espaço para ajustes de contas. Nesse novo ciclo quero ser a ponte, não quero ser a barreira", afirmou, propondo-se portanto liderar "um CDS onde as tendências unam e não subtraiam".

E será fácil o caminho? "Não!", assegurou o eurodeputado. Mas logo acrescentando: "Alguma vez no CDS tivemos vida fácil? Quem quer vida fácil vai para o PS ou para o PSD!"

Afirmando que quer o seu partido "convictamente ancorado no humanismo personalista", onde as pessoas "estão no centro da ação política", defendeu uma "economia de mercado saudável para as pessoas" que não faça do mercado "o centro dogmático do seu programa".

Tentou, por outro lado, alinhar o partido com "novas realidades": a importância imperativa da transição digital, a importância das questões ambientais e ainda, por exemplo, a necessidade de liderar a luta em prol da igualdade salarial entre mulheres e homens.

Mattos Chaves também avança

Melo terminou a sua intervenção desejando sorte a Francisca Sampaio, a cabeça de lista pelo partido no círculo da Europa - eleição que faz o partido sonhar com a possibilidade de afinal se manter no Parlamento. "Se estivermos à altura, vão ser os portugueses a querer devolver o CDS à Assembleia da República", concluiu.

O congresso de eleição do novo líder decorrerá nos dias 2 e 3 de abril, em local ainda a definir, segundo foi decidido na reunião do Conselho Nacional do partido realizada dia 11. O atual líder, Francisco Rodrigues dos Santos, já declarou que não será candidato, depois de o partido ter passado de cinco deputados para zero.

Melo avançou mas a ala conservadora do partido, mais próxima do atual líder, também se está a movimentar. Com uma nota no Facebook, um histórico do partido, Miguel Mattos Chaves, anunciou que será candidato. Membro da Comissão Política Nacional, Mattos Chaves disse que está a recolher as assinaturas que lhe permitirão apresentar uma moção global, após o que apresentará a sua candidatura a líder. Há quatro meses, foi notícia quando saudou a saída do partido de militantes como Adolfo Mesquita Nunes: "O partido é finalmente gerido por pessoas e não por grupos globalistas, LGBT, etc." (DN-Lisboa, texto do jornalista Joao.p.Henriques)



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