Mudança coincide com avaliação cada vez mais negativa dos portugueses à ação da Oposição. Rui Rio manteve em abril o estatuto de líder da Oposição (34%), mas André Ventura voltou a ganhar terreno ao social-democrata (31%). De acordo com o barómetro da Aximage para o JN, DN e TSF, a aproximação do líder do Chega coincide com uma queda abrupta na apreciação dos portugueses ao trabalho da Oposição: apenas 22% de avaliações positivas (menos 11 pontos do que no mês passado), face a 36% de avaliações negativas (menos um ponto). A diferença entre o social-democrata e o radical de Direita é agora de apenas três pontos percentuais, em vez dos 15 pontos que se registavam no mês passado. Em terceiro lugar surge a bloquista Catarina Martins (13%), em quarto o comunista Jerónimo de Sousa (4%) e em quinto o liberal João Cotrim de Figueiredo (2%).
Ventura no Centro e Sul
Quando se analisam os diferentes segmentos da amostra, Ventura até está à frente de Rio como líder da Oposição em vários casos: nas regiões mais a sul, incluindo o Centro e Lisboa; entre as mulheres; em três das quatro faixas etárias (só fica atrás entre os mais velhos); e nas classes médias. Se o ângulo de análise forem as preferências partidárias, Ventura só está à frente de Rio entre os que votam no Iniciativa Liberal e no Chega. Mas consegue essa distinção por parte de um terço dos eleitorados socialistas e social-democrata. Quanto a Rio, nem entre os seus correligionários consegue ultrapassar a barreira dos 50 pontos percentuais.
Saldo positivo só no PAN
Tendo em conta a avaliação negativa recorrente dos portugueses, é pelo menos duvidoso que valha a pena ser apontado como líder da Oposição. Olhando de novo para os segmentos partidários, o saldo só é positivo entre os que votam no PAN. Entre os eleitores do PSD (e, portanto, de Rui Rio), o saldo é negativo (ainda que por escassos cinco pontos). No caso dos eleitores do Chega (e de André Ventura) a Oposição tem um saldo negativo de 47 pontos. Mais críticos, só os que apoiam os liberais.
89%
Ventura é apontado como líder da Oposição por 89% dos
eleitores do Chega. Sucede que 67% desses mesmos eleitores fazem uma avaliação
negativa à atuação da Oposição. Em nenhum outro segmento partidário o paradoxo
é tão evidente.
À Esquerda só se vence em casa
Catarina Martins só é a mais apontada como líder da
Oposição entre os que votam no Bloco (37%). O mesmo acontece no caso de
Jerónimo de Sousa, com 43% dos comunistas a apontarem o seu secretário-geral.
Metrópoles cáusticas
Os residentes das áreas metropolitanas são os mais
cáusticos na avaliação da Oposição. Há também um cisma etário, com o saldo
negativo a acentuar-se nos dois escalões mais velhos. Finalmente, quanto maior
o rendimento, maior a percentagem de negativas (Jornal de Notícias, texto do jornalista
Rafael Barbosa)
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