segunda-feira, maio 03, 2021

Sondagem Expresso-SIC: Portugueses com medo de novo confinamento

 


Uma taxa de aprovação de 48% não envergonha nenhum político, mas também pode não ser suficiente para alimentar grandes euforias. À pergunta se está algo, pouco, muito ou nada confiante na resposta dada pelo primeiro-ministro à pandemia, 48% dos portugueses assumiram-se confiantes, outros 10% dizem-se mesmo muito confiantes em António Costa. Ainda assim, a taxa de aprovação ao Executivo fica curta quando comparada com os valores conseguidos por Marcelo Rebelo de Sousa — 50% algo confiantes e 25% muito confiantes — e mesmo comparada com a Direção-Geral da Saúde: o organismo liderado por Graça Freitas merece alguma confiança de 52% dos inquiridos e muita de outros 13%. A tendência, de resto, mantém-se entre os que não têm qualquer confiança na atuação de Marcelo (4%), DGS (5%) e primeiro-ministro (8%). Ainda assim, no cômputo geral, a confiança dos portugueses nas autoridades parece sólida e em recuperação. A aprovação geral de Costa sobe oito pontos, ainda que distante dos 74% de há um ano; a da DGS recupera 17 pontos, quase recuperando a quebra de confiança registada desde setembro. E a de Marcelo sobe 10 pontos, para 76%, superando o seu melhor registo

Entre os que estão muito e os que apenas se dizem algo confiantes na sua ação, Costa chega a meados de abril com 59% de aprovação. Um número longe dos melhores — registados logo em março do ano passado, 75% —, mas ainda assim melhor que o conseguido no passado mês de novembro, quando se ficava nos 51%. Marcelo nunca chegou tão alto — 74% nas sondagens de março e maio —, mas também nunca foi abaixo dos 61%.

DESCONFINAR, SEM CELEBRAR


Outro valor aponta à aprovação por parte dos portugueses da atuação do Executivo de António Costa. Desafiados a comparar a atuação do Governo com a de outros países, 57% defendem que foi similar, 21% que foi melhor. Apenas 13% consideram que o Governo nacional esteve pior que os seus congéneres em países com números semelhantes de contágios. 
Mas, a dias da entrada na última fase do plano de desconfinamento, não há sinal de euforia entre os inquiridos. Se 48% aprovam o ritmo do plano, são muitos os que o acham lento (20%) ou demasiado rápido (25%) e poucos estão convencidos que seja efetivo. “Até que ponto acha provável que seja decretado um novo confinamento geral em Portugal ainda este ano?” 48% consideram algo provável, outros 33% acham mesmo muito provável nova ordem para fechar. Do lado otimista, são muito menos: 10% acham pouco provável, 2% estão mesmo a contar não voltar para casa.

Uma coisa parece certa, avaliando pela justificação apontada para o mais recente pico da pandemia, os dedos inquisidores serão apontados aos vizinhos antes de o serem às autoridades. De quem foi a culpa do surto de janeiro passado? Dos cidadãos que não tiveram os cuidados que deviam (81%) e menos das decisões erradas tomadas pelas autoridades (42%). O vírus, neste caso, a variante inglesa, quase é absolvido (16%).

FICHA TÉCNICA 


Sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 5 e 13 de abril de 2021. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa (ISCTEIUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído por indivíduos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal Continental. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis sexo, idade (4 grupos), instrução (3 grupos), região (5 regiões NUTII) e habitat/dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz inicial de região e habitat, foram selecionados aleatoriamente pontos de amostragem onde foram realizadas as entrevistas, de acordo com as quotas acima referidas. A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto recolhida recorrendo a simulação de voto em urna. Foram selecionados 80 pontos de amostragem, contactados 2701 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 802 entrevistas válidas (taxa de resposta de 30%). O trabalho de campo foi realizado por 34 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses residentes no Continente com 18 ou mais anos, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 9). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 802 inquiridos é de +/- 3,5%, com um nível de confiança de 95%.As percentagens são arredondadas à unidade, podendo a sua soma ser diferente de 100% (Expresso, texto dos jornalistas Filipe Garcia e Sofia Miguel Rosa)

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