sexta-feira, fevereiro 26, 2021

Sondagem: Mais de um terço crê que a vacinação está a correr mal

 


Confiança no Governo para a execução do plano de imunização contra a covid em queda. Portugueses rejeitam inoculação prioritária a deputados e autarcas. Os portugueses estão divididos, mas 35% entendem que a implementação do plano de vacinação está a correr mal. Menos de um terço (31%) dá nota positiva e a maioria recusa que seja concedida prioridade à imunização de políticos, sobretudo de presidentes de Câmara e de deputados.

E, no momento em que cerca de 250 mil pessoas já possuem a vacinação completa em Portugal, a confiança no Governo para concluir o plano dentro do prazo estipulado está em queda. Se em dezembro, antes do arranque da imunização, 38% dos inquiridos na sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF manifestavam confiança no Executivo PS para levar o plano a bom porto, dois meses depois tudo se inverteu: 43% têm pouca confiança e só 28% continuam a acreditar no respeito das metas.

O crédito do Governo é maior entre os idosos (45%) e menor nas faixas etárias dos 18 aos 49 anos. É na Grande Lisboa, e entre os eleitores do PS (60%) e da CDU (55%), que a confiança no Executivo de António Costa se mantém alta. A descrença é superior nas regiões do Centro e do Sul e ilhas e entre os simpatizantes de Iniciativa Liberal, Chega e Bloco de Esquerda.

O andamento do plano de vacinação merece avaliação negativa de 35% dos inquiridos e positiva de 31%. E, mais uma vez, são os eleitores do PS que melhor avaliam os progressos da imunização: 54% não têm dúvidas de que está a correr bem, contra 19% certos de que corre mal. Por exemplo, entre os simpatizantes do PSD, apenas 28% dão nota positiva. Essa análise também se diferencia na idade: só os mais velhos defendem o bom andamento do plano. A maior fatia dos inquiridos nas restantes faixas etárias, dos 18 aos 64 anos, faz uma apreciação negativa, embora a sondagem da Aximage revele uma enorme divisão entre os portugueses.


A prioridade concedida na vacinação de políticos é outra decisão sem consenso: 54% rejeitam-na e 46% apoiam-na, especialmente se os destinatários forem o presidente da República (91%) e o primeiro-ministro (78%). Ambos já tomaram a primeira dose da vacina.

Mesmo aqueles que são favoráveis à medida já em curso não colocam todos no mesmo patamar. Se há uma aceitação generalizada da vacinação de duas das maiores figuras do Estado, o mesmo não acontece em relação aos ministros - só 44% dão aval a essa opção - e muito menos em relação aos presidentes de Câmara (11%) e aos deputados. Aliás, os inquiridos mais depressa aceitam que todos os políticos sejam imunizados prioritariamente (5% a favor) do que concedem esse benefício aos deputados da Assembleia da República. Somente 3% das pessoas favoráveis à vacinação de políticos estão de acordo em atribuir a prioridade aos deputados.

78% querem vacina

O surgimento de novas variantes do coronavírus não abala a confiança dos portugueses na eficácia da vacinação, com 58% a expressarem firmeza contra 17% de desconfiados. No Norte e no Grande Porto, a taxa de confiança dispara para os 62% e 65%. E há cada vez mais pessoas preparadas para tomá-la, logo que chegue a sua vez. Em novembro, 54% expressavam essa vontade. Um mês depois, eram 62% e, agora, contam-se 78%. Restam 12% de discordantes. Sem surpresa, os mais velhos são os mais recetivos. 93% das pessoas com mais de 65 anos rendem-se à vacina e, entre os 50 aos 64 anos, são 77%. Ainda assim, nos jovens (18 aos 34 anos), a vontade de tomar a vacina ascende aos 70%.

Não à vacina chinesa e sim à russa

Com a imunização em curso, inquiridos mais otimistas no retorno à normalidade. No momento em que a União Europeia aprecia a compra das vacinas russa e chinesa, com a Hungria a furar o consenso europeu e estando já está a administrá-las, os portugueses mostram-se cautelosos. A sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF revela que 39% dos inquiridos dizem "sim" à Sputnik V, produzida nos laboratórios russos, mas 43% defendem que a União Europeia não deve adquirir a chinesa, mesmo tendo em conta os problemas de abastecimento de vacinas na Europa.

As reservas em relação ao fármaco chinês são expressas maioritariamente por inquiridos de todos os grupos etários, exceto os maiores de 65 anos, que estão divididos: 42% a favor da aquisição e 41% contra. A Área Metropolitana do Porto é a única região do país em que a maioria dos inquiridos apoia a compra do medicamento chinês (39%).

Olhando para a vacina russa, o nível de confiança parece ser maior, com os nortenhos no topo (44% dizem sim). Neste caso, apenas os residentes na região Centro expressam oposição à compra da Sputnik V (37% são desfavoráveis). A população mais velha é aquela que mais apoia o recurso ao fármaco russo: 46% das pessoas entre os 50 e os 64 anos e 48% dos idosos estão a favor. Já os inquiridos dos 18 aos 49 anos manifestam-se contra essa opção. Com a imunização em curso e apesar da quantidade de vacinas a chegar ao país ser menor do que se previa, os portugueses estão mais otimistas quanto ao regresso à normalidade. Em dezembro, 29% acreditavam que esse objetivo seria alcançado antes de um ano. Hoje, são 36%. E 40% estão convictos de que sucederá dentro de um ano (Jornal de Notícias, texto da jornalista Carla Sofia Luz)

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