quarta-feira, fevereiro 17, 2021

Brexit: Saída do Reino Unido da UE aumenta euroceticismo nos Países Baixos

 

A relação entre a União Europeia (UE) e os Países Baixos foi fragilizada após o Brexit e a pandemia, suscitando algum receio de que o Estado-membro possa abandonar o bloco, à semelhança do Reino Unido. Muito antes de oficializar a mudança de nome de Holanda para Países Baixos, algo que aconteceu no final do ano passado, foi um dos membros fundadores da UE, na altura conhecida como a Comunidade Económica Europeia, e mantém uma forte relação comercial com os membros do bloco. A nação participa em vários programas europeus que foram lançados e é vizinha de um dos maiores Estados-membros, a Alemanha. No entanto, tem surgido algum descontentamento nos Países Baixos, suscitando preocupações de que o euroceticismo esteja a crescer no país.

Os holandeses têm recuado em relação aos planos de grandes gastos na recuperação pós-pandémica e é um dos chamados “Frugal Four” – juntamente com a Áustria, Dinamarca e Suécia – que resistiram ao orçamento da UE no ano passado, criando frustração entre os maiores Estados-membros. De acordo com a comentadora e correspondente europeia do NRC Handelsblad, um dos principais jornais dos Países Baixos, Caroline de Gruyter, “os holandeses sentem-se melhor na Europa com os britânicos do seu lado”.

“Além da cultura protestante, os holandeses têm muito mais em comum com os britânicos: o seu amor pelo mar, uma visão sóbria da vida e uma disposição comercial. Ambas são nações liberais, marítimas e comerciais, que outrora tiveram impérios ultramarinos que costumavam atacar por si próprios”.

Segundo a comentadora citada pelo jornal britânico Express, “tal como os britânicos, os holandeses tinham procurado uma aliança internacional no rescaldo da Segunda Guerra Mundial – e opuseram-se subsequentemente à ideia de unir forças políticas com os seus vizinhos europeus”. Quando o euroceticismo britânico surgiu, a “ambivalência holandesa” surgiu também, e quando o Brexit foi finalizado, os holandeses ficaram numa posição mais delicada. “O Brexit enfraquece a voz em Bruxelas e fortalece o poder da Alemanha e da França, e do sul da Europa”, observou Caroline de Gruyter.

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, cujo governo se demitiu em bloco há cerca de um mês após o escândalo com abonos de família, quer evitar o ‘Nexit’, a saída dos Países Baixos da União Europeia. No entanto, muitos comparam a sua situação atual com a do antigo primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, antes de convocar o referendo da UE de 2016, uma vez que Rutte tem ignorado o crescente sentimento anti-europeu no país. Também uma sondagem do Conselho Europeu das Relações Exteriores, publicada em julho de 2020, revelou que os holandeses estão entre os cidadãos mais desiludidos com o seu governo, entre os Estados-membros do bloco (Executive Digest, texto da jornalista Mara Tribuna)

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