terça-feira, abril 07, 2020

“Teremos que reconstruir a Europa como em 1945”, defende ex-ministro francês

Jean-Pierre Chevènement , aos 81 anos, é uma das grandes figuras da política francesa e europeia, um dos últimos representantes de uma época de gigantes, de Charles de Gaulle a François Mitterrand, que reconstruiu a Europa após a Segunda Guerra Mundial. Chevènement foi Ministro de Pesquisa e Indústria, Educação e Defesa durante a presidência de Mitterrand e, posteriormente, assumiu o Interior com Lionel Jospin durante a presidência de Jacques Chirac . Em 2012, o presidente François Hollande o nomeou como representante especial da França na Rússia, posição em que foi confirmado pelo atual presidente, Emmanuel Macron.
Questionado sobre as respostas à pandemia, algumas com atraso, Chevènement  considera que esta pandemia veio revelar as dependências e fraquezas que permitimos acumular durante três décadas de globalização. “O aspecto estratégico foi totalmente negligenciado e a preocupação com a segurança legítima que sustenta o pacto entre o Estado e os cidadãos foi ignorada.
No campo da saúde é evidente, mas também em energia, agricultura e defesa”, reforça. Mas, em seu entender, este cenário não se faz sentir de igual forma em todos os países. “É mais verdadeiro para a França, para o Reino Unido e, talvez, para a Espanha. No entanto, a Espanha permitiu criar dependência excessiva, por exemplo, no campo do turismo ou da construção. Nenhum país pode basear seu futuro em especializações muito estreitas. E cabe a cada Estado fazer todo o possível para preservar seu tecido industrial ou reconstrui-lo quando for deixado em ruínas”, defende À afirmação do ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, de que estamos num momento crítico da construção europeia e que, se formos apenas “uma soma de nações que só pensam em si mesmas, o projeto europeu morrerá”, o ex-ministro responde tratar-se de “um diagnóstico bastante preciso”.
“A Europa deve demonstrar uma capacidade de solidariedade que até agora não demonstrou. Lembremos como foi gerida a crise do euro. A intervenção do Fundo Europeu de Solidariedade, sempre refém de planos de restrição e austeridade, que custaram muito caro a todos os países envolvidos. Não podemos repetir essa experiência, devemos avançar para uma forte mutualização e, se isso não for possível, teremos que saber como extrair as consequências se for demonstrado claramente que os países do norte da Europa – penso nos Países Baixos, Alemanha, Finlândia e Áustria – rejeitar qualquer perspectiva de mutualização. Não para abandonar a ideia europeia, mas para introduzir flexibilidade na operação do euro e convertê-la em moeda comum, e não em moeda única”, conclui (Sonia Bexiga, Executive Digest)

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