quinta-feira, abril 30, 2020

Coronavírus obriga os EUA a dizer adeus a 11 anos de ‘bonança’ económica

Os Estados Unidos anunciaram uma queda de 4,8% no Produto Interno Bruto no primeiro trimestre deste ano, números que ilustram o caminho do país rumo a uma recessão que colocará um ponto final a mais de uma década de ‘bonança económica’. A maior potência do mundo vem crescendo, a um ritmo constante, desde março de 2009, altura em conseguiu sair da recessão que já se estendia por dezoito meses, o período mais longo desde a Segunda Guerra Mundial. Neste período, a ruptura económica recebeu o nome de ‘crise Lehman Brothers’. Hoje, possui a identidade da covid-19, responsável por uma pandemia sem precedentes e com consequências ainda incertas que estão a devastar o mundo. A ‘bonança’ dos Estados Unidos desde 2009, o mais longo que já viveu, tem sido lento, mas sustentado, até atingir um mercado de trabalho totalmente empregado, um nível de desemprego inferior a 4%, inflação controlada no ambiente 2% e crescimento do PIB de cerca de 3%.

Uma crise internacional de saúde abalou as bases do crescimento inesperadamente e justamente quando Donald Trump tentou revalidar a sua posição como Presidente, a pensar já em novembro e apostando nas receitas da economia como principal trunfo.
A queda de 4,8% na riqueza dos EUA nos primeiros três meses de 2020 é a maior desde o quarto trimestre de 2008 e é a ponta do iceberg para o que está por vir. No segundo trimestre, afetado pelas medidas totais de contenção e pelo encerramento de empresas e fronteiras, o colapso poderá exceder 30%, com um nível de desemprego de mais de 20% o que levaria o país a aproximar-se do período mais sombrio da Grande Depressão.
A Casa Branca, por seu turno, tem tentado enfatizar e desviar as atenções para a temporalidade da crise. O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, já afirmou que espera “uma forte recuperação da economia na segunda metade do ano”, na ordem dos 17%, graças às medidas aprovadas pelo Congresso para combater o coronavírus e visando estimular o consumo, que envolve dois terços da riqueza do país.
Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) calcula que a economia americana cairá quase 6% ao longo do ano, muito mais do que na grande recessão.
Os pacotes de incentivos lançados no país não serão, de forma alguma, gratuitos. Os Estados Unidos aumentarão sua dívida pública este ano acima de 130%, abrindo um cenário de défice. A maior economia do mundo já possuía índices históricos de dívida, que em 2019 já ultrapassavam 100% do PIB (Executive Digest, texto da jornalista Sónia Bexiga)

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