quinta-feira, abril 30, 2020

Restrições às viagens devem ser levantadas logo que possível, considera Bruxelas

A Comissão Europeia pediu esta quarta-feira aos Estados-membros para levantarem restrições às viagens na União Europeia (UE) «o mais rapidamente possível», de forma a permitir a retoma do turismo europeu, estimando perdas de faturação de 50% devido à pandemia. «De forma a permitir que o turismo seja retomado, o colégio [de comissários] considera que as restrições às viagens devem ser levantadas o mais rapidamente possível, evitando discriminações com base nas nacionalidades e tendo em conta os desenvolvimentos epidemiológicos», declarou a vice-presidente da Comissão Europeia Věra Jourová, responsável pelas pastas dos Valores e Transparência, em conferência de imprensa a partir de Bruxelas. Dando conta que os comissários debateram esta quarta-feira, na sua reunião habitual de quarta-feira, os impactos da Covid-19 no turismo, a responsável precisou que «este ecossistema pode perder até 50% da sua facturação em 2020». Este é um dos sectores que mais pesa no Produto Interno Bruto (PIB) europeu, num total de 10%, representando 27 milhões de empregos directos e indirectos.

Frisando que «é óbvio que não deve haver discriminação por nacionalidades e selecção de quem pode entrar no país e de quem não pode», no período pós-pandemia, Věra Jourová indicou que “os serviços da Comissão estão a trabalhar em directrizes concretas» para o sector do turismo, nomeadamente no que toca aos transportes, orientações que serão divulgadas nos próximos dias e a pensar no próximo verão.
«Estas directrizes são necessárias para permitir que os operadores de mercado, especialmente as pequenas e médias empresas, se prepararam para o momento em que as restrições forem, gradualmente, levantadas», apontou a vice-presidente do executivo comunitário.
Segundo Věra Jourová, «os maiores desafios» do sector são, actualmente, a liquidez das empresas, a confiança dos consumidores, as consequências das restrições e os impactos relacionados com o desemprego.
E, de acordo com a responsável, «há zonas [da Europa] mais afectadas do que outras, com particular impacto no sul», incluindo países como Portugal, Espanha e Itália.
Věra Jourová defendeu, por isso, «grandes investimentos públicos e privados, a nível europeu e nacional”, no setor do turismo, bem como “apoios temporários» por parte dos países da UE.
Para a responsável pelas pastas dos Valores e Transparência, urge também «clarificar as regras aplicáveis aos reembolsos e ao uso de ‘vouchers’ em casos de cancelamentos devido à covid-19, no âmbito das legislações de direitos dos passageiros e das viagens turísticas».
Além disso, «as acções para tornar os vouchers mais atractivos podem atenuar a pressão junto dos operadores, enquanto se garante o total respeito pelos direitos dos passageiros», adiantou Věra Jourová.
Com o turismo europeu estagnado devido às medidas restritivas adoptadas pelos Estados-membros da UE para tentar conter a propagação da pandemia (incluindo limitações nas viagens entre países), este é um dos sectores mais afectados pela covid-19, sendo estimada uma queda de 39% nas viagens de turismo para toda a Europa em 2020, comparando com o período homólogo anterior, o equivalente a menos 287 milhões de chegadas internacionais, segundo um estudo da Oxford Economics.
Assumindo que a covid-19 afecta o turismo europeu durante oito meses, entre alturas de confinamento e de levantamentos faseados das restrições, esta entidade prevê que Portugal seja um dos mais afectados pela paragem no sector, nomeadamente por ter 16,5% do PIB nacional afectado directa ou indirectamente pelos serviços turísticos.
De acordo com a Oxford Economics, em Portugal deverão registar-se menos sete milhões de entradas internacionais este ano, em comparação com 2019, o equivalente a uma queda de 40% (Executive Digest)

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