segunda-feira, fevereiro 18, 2019

Nota: avisem Rui Rio que ele é líder da oposição e que o PS e Costa são os adversários

Rio sobe duas ou três décimas em sondagens e faz uma festança. É o que eu penso. Rio tem que perceber que uma coisa é a amizade que tem com Costa - alegadamente construída quando eram os presidentes das duas principais câmaras municipais do pais -. outra coisa é o Rio líder de um partido como o PSD, que está na oposição que foi escorraçado do poder em 2015, apesar de ter integrado a coligação mais votada. Rio tem que entender que lidera um PSD que obviamente quer regressar ao poder e combate obrigatoriamente a geringonça, mas combate sobretudo o PS e o seu líder, António Costa, o tal que depois das europeias de 2014 não hesitou um milímetro que fosse para se mover nos bastidores do seu partido e afastar António José Seguro da liderança do PS apesar deste ter sido o mais votado nessas europeias.
O que é caricato é que Costa, apesar de tudo, apesar do discurso populista e demagógico a sua campanha, apesar do legado da bandalhice fundamentalista, protofascista e hiper-liberal do anterior governo, apesar de Passos e Portas terem retirados milhões às pessoas e enchido a pança da banca falida com milhares de milhões de euros, para safar a pele de corruptos de colarinho branco e tapar buracos pelos quais ainda hoje pagamos todos, apesar da austeridade selvagem e da troika, Costa não ganhou eleições, pelo contrário, ficou muito aquém da coligação PSD-CDS (PSD-CDS com 107 deputados contra apenas 86 do PS). E não fossem os votos do PCP e do Bloco (19 do Bloco - lembram-se até do milagre da eleição de um deputado até na Madeira?! - e 17 dos comunistas) e Costa talvez já não seria hoje líder do PS, já que quanto muito não passaria de um simples deputado na Assembleia da República.

Vem isto a propósito da moção de censura que o CDS apresentou. O CDS sabe que não ganha nada com aquilo, sabe que mesmo que a intenção fosse colar PCP e Bloco ao governo da geringonça e do PS que a esquerda tanto "contesta" e critica  (tudo teatro para enganar os eleitores....) - e espero que essa realidade seja colocada repetidamente em evidência - isso seria desavergonhadamente assumido pelos dois partidos bengalas dos socialistas. O que o CDS sempre pretendeu, uma vez mais, foi marcar a agenda política no centro-direita, voltar a colocar o PSD a reboque das suas iniciativas, "vender" ao eleitorado a ideia de que quem lidera a oposição a esta esquerda geringonçada é o CDS e não o PSD como lhe competia. As sondagens mostram resultados diferentes, inclusivamente com Cristas muito por baixo em termos de popularidade. Mas Rio também não ganha nada de especial, fica-se pelas décimas para cima, como se com isso ganhasse algumas eleições.
Se Rio tardar em se assumir naquilo que é, ou tem que ser - líder da oposição e intensificar o discurso político contra o  PS e contra Costa - o PSD continuará a ser esta insignificância aterradora que desmotiva e desmobiliza pessoas por muito show-off que façam com as convenções promovidas curiosamente a norte (desconfio que a sul as coisas seriam mais complicadas). Mas foi também a Norte que  Costa chegou a outra convenção escondido, fugindo a manifestações, o que explica que o PS tivesse solicitado à PSP o reforço da segurança, sinais que mostram que os socialistas sabem que há uma diferença muito grande entre a realidade, o país real, e a manipulação da propaganda, do controlo do espaço mediático, dos filtros que custam milhões em contrapartidas. e de sondagens que nem para limpar o.... servem. Como veremos.
O que se passou agora com Rio e o PSD - o terem vindo a reboque de uma moção de censura propagandista e eleitoralista do CDS - mais do que a demonstração da fragilidade e do desnorte de um partido que devia ser líder da oposição, no terreno e no espaço mediático - e não apenas nas sondagens - é revelador de que o Presidente do PSD precisa ser uma vez mais acossado e provocado pela oposição interna para despertar da letargia em que parece mergulhar ciclicamente. Para nosso descontentamento. Política é combate, é diferença, é marcar diferença, é ter espaço próprio de afirmação e dele nunca prescindir, é marcar a diferença de projectos e de propostas, é mostrar às pessoas porque motivo, tal como é diferente comer carne e comer peixe, é diferente votar no PS e votar no PSD. Se isso não for conseguido estamos mal. Pensem nisso e mandem recados ao homem (LFM)

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