quinta-feira, fevereiro 21, 2019

Nota: acho que me vou dedicar à pesca...

A gente fala, tenta explicar, procura ajudar, tenta diferenciar entre uma conferência de imprensa e declarações aos jornalistas, pede documentos que comprovem de uma vez por todas o que se diz, para que se ganhe credibilidade e as pessoas acreditem, mas nada feito. Como eles sabem tudo e têm o rei na pança, desvalorizam tudo depois entram em stress, irritam-se, berram com  colegas ou subordinados, não conseguem fazer com que as pessoas acreditem neles. Não há competência onde tem que haver competência - não falo sequer nos patamares políticos porque não é desses que falo - porque há sectores que não se compadecem com fretes ou amiguismos. Para além da confiança pessoal - a frontalidade na relação pessoal nos gabinetes do poder é o segredo do sucesso, pois esconder as coisas ou dizer sempre "sim" para evitar chatices e ser um "porreirão" é uma desonestidade - tem que haver competência e uma causa a defender. Os governantes têm que ser ajudados, com competência, com inteligência, com sinceridade, com ousadia, com atrevimento, com verdade e frontalidade, gostem ou não de ouvir as coisas que lhes são ditas em determinados momentos por quem apenas lhes quer ajudar, não "azucrinar" a cabeça. Se ao invés disso eles sabem tudo, impedem a sinceridade nesse relacionamento pessoal entre os seus colaboradores mais directos, se não os ouvem, se desvalorizam a função, se não confiam neles (e lá saberão porquê....) então  é melhor que fiquem sentados de sofá em contagem decrescente. Eles precisam de pessoas com visão das coisas, com a percepção que o acto de governação, seja ele qual for, é um acto político pelo que tudo e todos os que a ele estão ligados, sejam titulares de cargos políticos, sejam assessores, assessores de assessores, o que for, estão a fazer política, melhor dizendo, deviam fazer política. As escolhas obedecem a critérios que nem quero falar sobre eles. E o preço a pagar por isso, a factura desse desleixo e dessa falta de entendimento do que realmente está em cima da mesa, do que estamos a falar, vai ser elevado e doloroso. É isso que estou a querer ser, frontal, amigo e tentando ajudar. O problema é que acho que é melhor comprar uma cana e me dedicar à pesca em vez de stressar e de me irritar quase todos os dias com o que vejo, leio ou oiço. (LFM)

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