Neste quadro da Venezuela dramaticamente a lutar pela sua libertação e pela democracia, tenho que recordar que a comunidade portuguesa - salvo raríssimas excepções - tal como acontece noutros países de acolhimento - nunca teve um envolvimento político activo na política interna, que lhe desse visibilidade e protagonismo, nunca se empenhou em usar a sua dimensão - que se calcula em 1,5 milhões de pessoas, contabilizando primeiras e gerações seguintes - a favor de uma posição de força politica, económica e socialmente falando no país. Antes da ditadura chavista, acomodaram-se, ficaram passivos perante a corrupção, nunca se interessaram por isso, porque não havia fome, os supermercados estavam cheios, a saúde e a educação funcionavam, o combustível era mais caro que a água, o dinheiro entrava e saía livremente, os medicamentos não faltavam, etc. Eu até entendo isso, se nada faltava, se a Venezuela era um paraíso partilhado politicamente, ora pelo COPEI ora pela AD, ninguém valorizou o impacto negativo e destruidor, lento mas irreversível, da corrupção e do compadrio nas sociedades democráticas.
Depois da ditadura chavista, então vieram as preocupações mas esse envolvimento político que era necessário - este fenómeno aconteceu também na África do Sul - pecou por tardio. Já nada havia a fazer, salvo um ou outro personagem luso descendente, ligado às segundas gerações, que logrou chegar ao poder neste período da ditadura chavista (Chavez e Maduro).
Pessoalmente - e muitos laços me ligam à Venezuela, tenho inclusive família que andou no combate nas ruas e que saiu do pais - não acredito na eficácia destas manifestações algo acomodadas nos países que funcionam normalmente, e onde as democracias respeitam os direitos de todos, quer sejam apoiantes do chavismo, quer sejam opositores da ditadura venezuelana.
Porque também conheço pessoas na Madeira - antigos emigrantes e alguns regressados neste período de convulsão - que temem que uma vitória da oposição desorganizada e sem liderança firme signifique o regresso ao poder de uma casta de bandidos e corruptos, os mesmos, ou ramificações desses tempos, que durante anos, antes dos ditadores agora no poder, delapidaram a Venezuela até às suas entranhas. Vamos com calma, determinação, mas com calma, porque o desejo de libertação não se compadece com tolerância cega perante novas ameaças para a Venezuela, habilmente camufladas nestas correntes pró-democracia que lutam pela queda de Maduro e dos bandidos que o rodeiam (LFM)
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