A
entrada em funcionamento do novo Hospital Privado da Madeira - oxalá eu esteja
equivocado - e apesar da ligação que terá com o Medical Conter - e do anúncio
de contratação de médicos madeirenses que trabalham fora da Região por
inexistência de disponibilidade de trabalho na Madeira - terá implicações no
serviço regional de saúde em termos de recursos humanos.
O
poder político tem que perceber que, resolvidas questões que em 2015 ocuparam
lugar destacado na agenda política e eleitoral regional, a saúde quase que se
transforma - a par da mobilidade aérea, da política social e da maior dinamização
da economia regional, alavancada no turismo e na dinamização do CINM - no
principal item da agenda política e eleitoral para 2019. E não há volta a dar.
Desconheço
se para o poder político regional isso - impacto do Hospital Privado no sector
público regional da saúde - é ou não problema, se a questão já foi ou não
analisada com profundidade e de forma pragmática e realista. Sobretudo quando é
sabido que nunca antes de 205 ou 2026 teremos o novo Hospital da Madeira e que,
paralelamente, a resposta do sector não se pode degradar. Mas esse é um tema sobre
o qual não me compete pronunciar.
Uma
coisa é certa: se por acaso começarmos a registar alguma degradação na
capacidade de resposta do serviço público regional de saúdem, não duvidem que
essas insuficiências voltarão às primeiras páginas dos jornais e demais mídia,
todos os dias, pelo que então será demasiado tarde para se inventariarem as
causas.
Pessoalmente
- e não sou especialista no sector, nem pretendo ser - acho que é chegado o
tempo para que o SESARAM faça uma inventariação do modelo de funcionamento da
sua estrutura hospitalar, que perceba como funcionam os diferentes serviços, se
eles funcionam de forma eficaz, se há ou não recursos humanos suficientes, se é
necessário ou não fazer mudanças (é normal que isso aconteça) e quais e como e
em que áreas, se existem ou não incentivos aos profissionais, se há ou não
excessos em termos remuneratórios adicionais, porventura alguns até sem
justificação plausível, penalizando outros profissionais que deviam ser incentivados
(urgências e cirurgias em listas de espera), quais os gastos dos diferentes
serviços hospitalares que possam ser considerados excessivos, qual o retrato
dos serviços contratualizados externamente pelo SESARAM e quais os custos, repito,
se é preciso mudar alguma coisa, o quê e como, se é preciso fazer mudanças em
termos orgânicos para que as coisas funcionem de forma mais célere e eficaz,
etc. Sei que isto não é "politicamente correcto" - porque pode mexer
com muita coisa, com o "status quo" que perdura há décadas, com as
pequenas ou grandes "quintas" que alegadamente existem no seio do
próprio SESARAM, com a avaliação dos serviços e com a sua produtividade - mas
admito que quem sabe do assunto, quem trabalha no sector, quem tem experiência
de anos na saúde, sabe que dificilmente andarei longe da realidade e do que é
necessário fazer.
No
meio de tudo isto, da necessidade de olhar com atenção para a saúde regional enquanto
uma das áreas prioritárias de qualquer governação, e onde a responsabilidades
dos políticos e dos profissionais é porventura maior do que noutras áreas, a
partidarização da saúde é patética.
Temos
por exemplo um partido local que insiste falar na Saúde, por tudo e por nada,
graças à confluência de um amuo pessoal com alguns anos, da uma velha ânsia do
ajuste de contas e com o interesse pessoal – falo de quem aborda o tema – e a quem
interessa “manter-se vivo” na expectativa de que, acabando os lugares
políticos, possa ter uma oportunidade na estrutura orgânica do serviço hospital
do qual faz parte. No meio destes propósitos vai "alindar" o discurso
com outras "preocupações" que na realidade servem apenas para
camuflar propósitos e ambições pessoais e profissionais fora da política.
Por
outro lado, também foi patético, ridículo mesmo, que no mesmo dia em que o
Tribunal de Contas divulgou em Lisboa um parecer demolidor no qual analisou de
forma crítica e contundente a realidade no sector da saúde, incluindo dívidas e
recursos financeiros e humanos, e um dia depois dos directores clínicos dos
seis mais importantes hospitais de Lisboa terem divulgado um documento
profundamente crítico quando ao funcionamento da saúde e sobretudo da estrutura
hospitalar, Paulo Cafofo, na sua perigosa ânsia de falar de tudo e por nada, tenha
perorado sobre a saúde na Madeira, tudo para ganhar espaço mediático e ser
falado nos média – aliás, é patético, saloio, primário, abjecto e ridículo, o
envio de SMS para jornalistas a convidá-los a visitar a página do Facebook de
Paulo Cafofo porque "diz coisas interessantes e divulgáveis"...
Enfim
é isto que temos e é com isto que teremos que lidar. A minha pergunta é esta:
mas será este o melhor caminho? Repito, esta é a opinião de um plebeu que da saúde só espera que esteja sempre operacional e eficaz para responder sempre que for preciso. Isso basta-me e tranquiliza-me (LFM)
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