quarta-feira, outubro 03, 2018

TAP: contra a memória curta


Lembro que as eleições para a Assembleia da República se realizaram no dia 4 de Outubro de 2015, com a coligação da direita radical, a ser a mais votada mas sem obter a maioria absoluta de votos e dos mandatos parlamentares e sabendo perfeitamente que a geringonça estava a ser negociada mesmo antes das eleições.
Recordo que a TAP foi vendida pelo segundo Governo de Passos Coelho e Portas ao consórcio Atlantic Gateway a 12 de Novembro de 2015 - grupo que se comprometeu a injectar 334 milhões de euros na companhia (150 milhões de forma imediata, para ficar com 61% da companhia). Estado ficava apenas com 34%, com 5% a serem distribuídos pelos trabalhadores.
De facto, o conselho de ministros aprovou a 12 de Novembro, a minuta final do acordo relativo à privatização da TAP. O contrato de venda da transportadora aérea à Gateway foi assinado numa cerimónia à porta fechada nas instalações da Parpública. Com pelas 19:30 horas, foi concluído pelas 23:30 de 12 de Novembro de 2015. Porém, esse Executivo seria derrubado pouco depois depois daquela farsa patética de um governo minoritário empossado apressadamente pelo não menos patético Cavaco Silva, dado que todos sabiam que sem maioria absoluta a coligação da direita radical ia para o caixote do lixo, como aconteceu. António Costa tomou posse a 23 de Novembro de 2015 e garantiu que o Estado voltaria a ser o maior accionista da companhia por pressão e exigência do PCP e do Bloco (dados os interesses sindicais existentes na empresa) - e apesar do PS o defender também, quiçá por ser essa a única solução para viabilizar o acordo parlamentar em Lisboa.
A Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) anunciou a 23 de Dezembro de 2016 ter aprovado a deliberação sobre a reprivatização de 61% do capital social do grupo TAP à Atlantic Gateway, o consórcio formado por Humberto Pedrosa e David Neeleman, concluindo um processo que se arrastava há mais de um ano.
A 29 de Junho de 2017, mais de um ano e meio depois de o Governo de António Costa ter iniciado as negociações para reverter parcialmente a venda de 61% da TAP ao consórcio privado Atlantic Gateway, o executivo da geringonça encerrou o assunto ao aprovar a "minuta do acordo relativo à conclusão da reconfiguração da participação do Estado Português no capital social da TAP". No âmbito deste processo, negociado pelo "melhor amigo" de António Costa, Diogo Lacerda Machado, o Estado voltou a ter a maioria do capital da empresa.
O Estado ficou assim com 50% do capital da TAP, com a Atlantic Gateway a ficar responsável por 45% das acções. Os restantes 5% estão distribuídos pelos trabalhadores da companhia aérea (LFM)

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