Eu não sei se foi ou não, mas obviamente que o que se tem passado leva a muita especulação em torno da noticiada ida de Carlos Pereira para um insignificante (politicamente, que não financeiramente) lugar de vogal da administração do Regulador da electricidade em Portugal - a ERSE - curiosamente um dos sectores que se encontra há anos sob suspeição em torno dos fretes alegadamente feitos em benefício da EDP.
A especulação tem a ver essencialmente com a questão política que poderá estar porventura subjacente a tudo isto, particularmente com a necessidade de se saber se, depois de ter sido derrotado no Congresso do PS-Madeira e de ameaçar ser uma voz incomoda em oposição aos vencedores (uma espécie de sombra, para esta estranha liderança socialista), Carlos Pereira terá sido atempadamente "domado" e afastado da arena política regional, sobretudo da socialista.
A dúvida fica e o resto é papel de música!
Ou seja, sem condições para ser candidato a Lisboa em 2019 e com reduzidas ou quase nulas condições também para ser candidato em posição de destaque na lista do PS nas regionais desse mesmo ano, Carlos Pereira ficaria, ou de fora do próximo processo de decisão política no PS local, com todos os incómodos e riscos que a liderança socialista actual não quer confrontar-se, ou ser-lhe-ia dada uma alternativa que "pacificamente" o afastaria até do protagonismo político que claramente não interessa à dupla que lidera o PS madeirense, Emanuel Câmara e Paulo Cafofo, este último tido como o candidato (?) a Presidente do Governo nas regionais de 2019, agora de forma mais consolidada, depois de ter ficado à margem de qualquer acusação da justiça no caso da queda mortal da árvore no Monte, algo que a acontecer dificilmente viabilizaria essa candidatura.
Sucede que no meio destas especulações foram mais as dúvidas que as certezas.
Sucede que a dúvida persiste e não me parece que seja muito desajustado admitir como plausível que este convite a Carlos Pereira tenha intenções políticas subjacentes e que tudo isto tenha sido pensado e congeminado no eixo Funchal-Lisboa, com conhecimento de Costa e de César, que deste modo salvaguardariam a posição de Pereira, colocando-o à margem de qualquer polémica política em 2019 com a nomenclatura dirigente socialista madeirense que terá um enorme desafio com desfecho claramente não garantido.
Bem vistas as coisas para este insignificante lugar de vogal da administração da ERSE (repito em termos políticos, porque em termos financeiros vai ganhar mais que o próprio Presidente da República) o governo socialista certamente teria dezenas de candidatos.
O problema é que juntando o oportuno - já antes falado - com a necessidade de controlar a ERSE, numa altura em que parece que se vai intensificar a polémica em torno dos acordos feitos pelo Estado com a EDP e dos escandalosos benefícios financeiros milionários que esta empresa, agora nas mãos do capital chinês, agora maioritariamente nas mãos de chineses, tem auferido nestes anos todos, permitindo que em Portugal se pratique uma das mais elevadas tarifas de energia da Europa. Se a ideia é essa então Carlos Pereira pela sua forma de estar e de ser corresponde aos propósitos do governo socialista, claramente a pensar mais no mandato de 2019 para a frente do que neste final de Legislatura (LFM)
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