Um tribunal da Venezuela decidiu manter em prisão preventiva pelo menos dez portugueses e luso-descendentes acusados de impedir o abastecimento de produtos e de violarem as leis que regulam os preços. Um tribunal da Venezuela decidiu este sábado manter em prisão preventiva pelo menos dez portugueses e luso-descendentes, todos eles gerentes de supermercados, acusados de impedir o abastecimento de produtos básicos e de violarem as leis que regulam os preços. Estes portugueses, segundo fonte judicial, fazem parte de um grupo de 34 gerentes das redes de supermercados Central Madeirense e Excelsior Gama (que pertencem a portugueses) que foram detidos nos últimos dias. “O tribunal ordenou que permaneçam detidos enquanto decorrerem as investigações”, num “processo que ronda os 45 dias”, explicou a mesma fonte à agência Lusa.
Os detidos são acusados de não respeitarem o preço máximo de venda ao público de produtos, de açambarcamento e de modificarem os preços de venda, além de terem vazias as prateleiras de carne, frango, arroz e massa. Segundo a Lei Orgânica de Preços Justos da Venezuela, se forem considerados culpados, poderão ser condenados a penas de prisão de dois a 10 anos. A agência Lusa tentou, sem êxito, obter mais informação sobre a situação destes portugueses junto de empresários, da direção das redes de supermercados e até mesmo de familiares, temendo estes últimos que qualquer notícia possa prejudicar a situação em que se encontram. O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou na quinta-feira que 34 gerentes de “grandes supermercados” tinham sido detidos por “violar a lei”. “Tivemos um grupo de supermercados que esconderam os produtos às pessoas e começaram a cobrar o preço que lhes dava na gana”, disse, durante um Conselho de Ministros que foi transmitido pela televisão estatal venezuelana. Na sexta-feira, em Lisboa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros convocou o embaixador venezuelano para lhe transmitir a “grande preocupação” do Governo pela detenção dos 34 gerentes de duas cadeias de supermercados portugueses. O Presidente da República também já se mostrou preocupado.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, disse à Lusa que estão a ser feitas “todas as diligências” para apoiar a defesa dos portugueses detidos na Venezuela. José Luís Carneiro disse ainda ter a informação de que entre os detidos estão sete que nasceram em Portugal e três que são lusodescendentes.
Sobre a mesma questão estão a ser também feitos contactos “a nível mais político”, com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal a ter já agendado um encontro com o homólogo venezuelano (nas Nações Unidas, no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas, que começa na próxima semana). Disse o secretário de Estado que houve também já contactos com o vice-ministro das Relações Exteriores e Assuntos Europeus, Ivan Gil, a quem foi transmitida a preocupação de Portugal “perante estas circunstâncias, que colocam em causa a segurança e o bem-estar daqueles que contribuem ativamente e decisivamente para o desenvolvimento da Venezuela”. O próprio secretário de Estado vai em breve à Venezuela, nomeadamente para manter um “diálogo profundo” e “continuar a garantir mecanismos de apoio e proteção àqueles que estão a viver momentos de grandes e profundas dificuldades” (Lusa)
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