quarta-feira, setembro 05, 2018

A propósito do...propósito na política

Vou-vos contar um caso real - testemunhado  por duas pessoas presentes no local, uma das quais já falecida - para perceberem melhor o outro lado da política. Sobretudo nesta altura quando se fala em deputados dos concelhos, em saídas e entradas, tudo a parte real da outra face da moeda chamada política.
Nas regionais de 2011, quando as coisas estavam mesmo complicadas - era a austeridade nacional e era também a especulação em torno do caso da "dívida oculta" da RAM, como mediaticamente foi catalogada - houve uma tremenda dificuldade em elaborar uma lista de candidatos porque havia a noção de que o PSD-M dificilmente teria uma maioria absoluta folgada. Ou seja, tínhamos no PSD-M indicadores de que não teríamos mais do que 2 ou 3 deputados nessa maioria absoluta. A pressão foi enorme, a campanha eleitoral foi a mais desgaste de todas, o stress tomou rapidamente conta de muitos dos que faziam parte do núcleo essencial dessa campanha, ficamos todos com a percepção de que havia, no seio do próprio PSD-M sectores (diga-se que com pouco significado mas cuja atitude de distanciamento desanimou, e muito) - e digo isto assumido claramente a responsabilidade pelo que digo - que apostavam na perda da maioria absoluta na expectativa de que isso significaria uma previsível recusa de AJJ em assumir a liderança do governo madeirense obrigado a negociações prévias para a formalização de uma coligação parlamentar (lembro que tudo isto tinha a ver com a guerra política entre AJJ e o Passos, em Lisboa, que cometeu, entre outras diatribes, uma desfeita protocolar e política ao enviar o secretário-geral, nem sequer foi um dos seus vices-presidentes, para a conferência de imprensa na noite eleitoral regional de 2011, destinada a felicitar o PSD-M e AJJ pela vitória nessa noite eleitoral (a vingança passista surgiu depois, quando tudo falhou, através do cenário que antecedeu a imposição de um humilhante PAEF, mas espero que sobre tudo isto AJJ um dia resolva escrever as suas memórias políticas mais contundentes em vez de episódios com relativo interesse e actualidade mas sem o peso político de situações como esta).
Retomando o assunto deste texto: quando a liderança política do PSD-M elaborava a lista de candidatos a deputados nas regionais de 2011, processo que conciliava diversos itens, um dos quais o peso dos concelhos para o universo eleitoral do partido, houve candidatos escolhidos em detrimento de outros que se viram relegados para lugares secundários, com elegibilidade não garantida. Isso motivou - a par de notícias especulativas atiradas para os jornais... - reacções agrestes da parte de algumas pessoas, incluindo protagonistas bem integrados na máquina de campanha social-democrata, que ao não terem essa eleição pessoal assegurada, por terem sido relegados para posições na lista mais inferiores, garantiam em voz alta, num conhecido café da cidade, cheio de gente, que toda a família seria convocada a não votar ou até a votar numa lista do contra.
Eu não juro, mas parece que uma das testemunhas desse desabafo irritado terá soprado devagarinho ao ouvido do irritadiço que afinal ele até ia bem colocado na lista de candidatos, uma opção que visou - lembro-me perfeitamente - premiar a fidelidade eleitoral de um concelho que tem sido um dos baluartes do PSD-M (LFM)

Sem comentários: