O Governo venezuelano negou hoje que as suas políticas tenham gerado uma saída em massa de cidadãos do seu país ou a existência de refugiados, mas admitiu que quem emigrou o fez por razões exclusivamente económicas. "Um refugiado é um perseguido ou a sua vida corre perigo se regressar ao seu país. Na Venezuela não há refugiados, talvez alguém perseguido por alguma máfia, mas não há milhares", disse o ministro venezuelano dos Negócios Estrangeiros aos jornalistas, na Suíça. Jorge Arreaza sublinhou que "não há perseguição pelo Estado (venezuelano), em absoluto" e que “qualquer venezuelano que tenha saído por razões económicas pode regressar tranquilamente ao seu país".
O ministro venezuelano reagia às denúncias feitas na segunda-feira pela Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, de que continuam as violações sociais e de direitos económicos na Venezuela, país onde têm ocorrido casos de mortes por má nutrição ou doenças evitáveis. A ex-Presidente do Chile fazia o seu primeiro discurso perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, por ocasião da 39.ª sessão daquele organismo, tendo denunciado ainda que na Venezuela continuam as detenções arbitrárias, maus-tratos e restrições à liberdade de expressão. Michelle Bachelet disse estimar-se que até 01 de julho último "2,3 milhões de pessoas tenham fugido da Venezuela - cerca de 7% do total da população - devido, em grande parte, à falta de alimentos ou de acesso a medicamentos e assistência médica crítica, insegurança e perseguição política".
"Este movimento está a acelerar. Na primeira semana de agosto, mais de 4.000 venezuelanos entraram diariamente no Equador. Em julho, durante três semanas, 50.000 venezuelanos teriam chegado à Colômbia e há relatórios de que 800 venezuelanos estão a entrar diariamente no Brasil", precisou. Entretanto, através do Twitter, o ministro Jorge Arreaza anunciou que teve um encontro com o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, em Genebra, na Suíça. Segundo Arreaza, a reunião teve como propósito unir esforços para dar atenção integral aos estrangeiros refugiados na Venezuela. "Chegámos a um acordo para expandir a nossa coordenação geral e atenção conjunta aos cidadãos colombianos e de outros países, refugiados na Venezuela", escreveu na sua conta na rede social Twitter. Antes do encontro, segundo a imprensa venezuelana, Jorge Arreaza reuniu-se com a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, a quem reiterou o compromisso da Venezuela para com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (Lusa)
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