Sei que é politicamente incorreto não
hostilizar o novo Savoy. Diria que para uma certa casta elitista da nossa
praça, mais do que criticar a construção daquela nova unidade hoteleira há que
atacar também e sobretudo o promotor, o empresário Avelino Farinha, porque é
mais fácil concentrar os holofotes mediáticos em quem ignora o que sobre ele é
dito ou escrito. E muito bem.
Acresce que o empresário em causa é o único
a manter níveis de investimento privado na Madeira em valores importantes, além
de que se trata de uma pessoa que se fez pelos seus próprios meios e méritos, o
que causa inveja em muitos sectores da sociedade madeirense, alegadamente
importantes, alguns dos quais são um somatório de hipocrisias, muitos deles
ostentando sinais exteriores de riqueza, incluindo donos de empresas falidas ou
em vias disso, porque se recusaram nelas investir um cêntimo que fosse e pouco
ligam à obrigação de respeitar os trabalhadores, alguns deles com salários a
receber. Por isso é politicamente ainda mais incorreto não criticar o
empresário Avelino Farinha.
Finalmente é também politicamente incorretíssimo
sustentar que um destino turístico como a Madeira não é mais ou menos atrativo
por causa das construções hoteleiras na cidade mas antes pela forma como cuida
da sua zona baixa mais central, defende a paisagem e preserva as
potencialidades paisagísticas fora da capital.
A Madeira vende-se por vários motivos, não
por causa dos índices de construção ou do lastimável estado de degradação de
edifícios, aqui ou acolá.
Não é o Funchal que trás turistas à
Madeira. Cidades como o Funchal, em dimensão e conteúdo, existem muitas por
essa Europa fora. Não duvidem.
Quanto a estas “romarias contestatárias” do
novo Savoy - algumas delas devidamente organizadas e ao serviço de causas e
interesses concorrenciais identificáveis, protagonizadas também por
assalariados histericamente empenhados na defesa de causas com as quais dizem
nada ter a ver - lembro-me bem do que é habitual nesta cidade, a começar pela
actual praça do povo. Deixemos por isso o novo hotel Savoy ficar concluído para
depois tomarem as conclusões. Sei que não há ilegalidade nenhuma, sei que
existem procedimentos administrativos que transcendem o promotor, por isso não
inventem nem enganem as pessoas.
O que se passa é que há gente que gostava
muito do antigo buraco do Savoy na Avenida do Infante - desconfio que até
rezavam para que o grupo detentor do Savoy falisse e fechasse os dois hotéis
que tinha então em funcionamento... – e que queria mantê-lo como estava, que
foi investindo fora da Madeira e nunca se interessou em promover uma solução
para o tal buraco. Mas que, de repente, perante a qualidade do empreendimento e
do impacto que ele terá no turismo regional e no combate a um certo monopólio
de conluio existente no Funchal, se agarrou à volumetria que não foi aprovada
nem imposta pelo promotor.
Que eu saiba, o empresário limitou-se a
negociar a compra de um grupo regional em dificuldades financeiras (para não
utilizar um termo ainda pior...), operação que incluiu a compra de um buraco,
dois outros hotéis, uma marca, um projecto aprovado pela CMF e uma licença de
obras que caducava em Dezembro de 2015.
Repito, ninguém visita a Madeira por causa
do Funchal mas sim, e essencialmente, pela paisagem fora da nossa capital, pela
levadas, pelo litoral, pelos socalcos, pela Laurissilva, pela comida, pelas
paisagens, pelo clima, por algumas tradições culturais, pelas atividades
marítimas, pela qualidade do serviço propiciado a quem nos visita, etc. O
Funchal é uma cidade, para o turista, igual a tantas outras. Deixem-se de
coisas.
Suspeito que tudo o que de trágico ocorreu
há dias no Monte - por ter envolvido turistas entre os mortos e os feridos e
pela consequente projeção mediática externa que gerou - teve mais impacto
negativo do que o novo Savoy, independentemente de haver pessoas que entendem -
e cada um tem direito à sua opinião - que o futuro Hotel Savoy, que depois de
concluído será uma excelente mais-valia para a cidade e para o turismo e a
economia regional, tem uma volumetria excessiva para aquele espaço onde se
enquadra.
Certamente que os mais antigos se lembrarão
do que foi dito quando construíram, ali ao lado, o Sheraton, agora Pestana
Hotel. Ou o edifício da antiga Caixa no Elias Garcia, também destoava tudo…
Tudo o que se passou durante dias seguidos
no aeroporto do Funchal teve certamente um impacto muitíssimo mais negativo -
isso sim - no turismo e na Região do que o Savoy terá, se é que terá alguma
componente negativa.
Finalmente, porque suspeito que se trata de
outra alínea deste debate e que faz parte do rol de itens tidos por
politicamente incorretos, desconfio que não é recomendável associar esta
polémica com as eleições autárquicas no Funchal, com disputas partidárias
centradas nas regionais de 2019, com ajustes de contas pessoais, com amuos,
etc.
O que me intriga neste processo - que vale
o que vale e que, repito, esconde interesses concorrenciais à vista de todos, apesar
de camuflados em campanhas de ataque e contestação ao novo Savoy e ao seu
promotor - é que o Governo Regional não tenha resolvido a questão processual
(culpa da CMF) e não tenha clarificado ainda se a alteração ao projecto inicial
- passar um empreendimento constituído por hotel + apartamentos a apenas hotel,
sem alteração da área de construção - ameaça o turismo regional ou afecta valor
estipulado para o total de camas a disponibilizar pela hotelaria local.
Obviamente que a par de campanhas
organizadas, e com cumplicidades várias -algumas delas estranhas - movidas pela
concorrência que já percebeu que vai nascer ali (Savoy) um empreendimento com
qualidade, subjacente a tudo isto estão, como é habitual, a intriga palaciana
da nossa cidade a par da inveja ao nível dos protagonistas da nossa economia
que não aceitam que Avelino Farinha continue de cabeça erguida a investir
enquanto eles se sentam no sofá criticando tudo e todos ou abrindo os bolsos na
expectativa de amealharem os lucros ainda gerados pelos seus investimentos.
Uma inveja que se agravou quando ficaram a
saber que o empresário já comprou ao grupo Sá o quarteirão da Insular de
Moinhos no Funchal - que alguns pensadores devem achar que dignifica a cidade e
constitui um chamariz de turistas, mantendo aquela porcaria tal como está, degradado
e quase a cair de podre - para ali construir um novo empreendimento, logo
depois de terminar a construção do novo Savoy.
Finalmente não quero acreditar que certas
campanhas contra o empresário e promotor do novo Savoy tenham alguma coisa a
ver com o que se passou com a compra do Jornal da Madeira - ou JM - que alguns
desejavam que não tivesse tido uma solução. E mais não direi sobre isto...
Uma nota final.
Será que haverá alguém interessado em fazer
um retrato fiel, da realidade laboral nas nossas empresas, quer as que
pertencem ao empresário José Avelino Farinha, quer as outras ligadas aos que
criticam e atacam pela surdina - sem esquecer os contratos temporários,
salários de miséria pagos por empresas hoteleiras a que se junta a falta de
respeito pelos direitos dos trabalhadores contratados. Sempre gostava de
conhecer essa as conclusões comparativas dessa realidade...
O
maior investimento privado no sector
A construção do novo Hotel Savoy representa
um investimento da ordem dos mais de 80 milhões de euros - a que acrescem os
custos de aquisição do grupo, 100 milhões de euros – é um dos maiores em curso,
em termos nacionais, no sector hoteleiro.
No caso da Madeira é o maior investimento
privado em curso – aliás, não sendo Avelino Farinha, gostaria de saber que
outros investidores locais apostam a este nível na Região, já que me parece que
apenas o grupo de Braga, Socicorreia aparece imediatamente depois de JAF, mas
com valores não tão significativos como os do empresário madeirense.
Esta constatação pode explicar algumas
estranhas investidas contra o novo Savoy mas indiretamente contra o empresário
madeirense, claramente pensadas e com objectivos devidamente ponderados -
sobretudo gerar polémica e causar desgaste no grupo.
300
trabalhadores nas obras
Outro aspeto que ninguém fala tem a ver com
o facto da construção do novo Savoy dar emprego a cerca de 300 trabalhadores do
grupo de Avelino Farinha que deste modo, e perante a inexistência quase
generalizada de outros investimentos de grande envergadura, públicos ou privados,
conseguem garantir os respetivos postos de trabalho.
300
postos de trabalho no futuro hotel
O novo Savoy, depois de concluído, vai
gerar a criação de 300 postos de trabalho, a que se juntam mais 150 no Royal Savoy
e os 70 no Savoy Gardens.
A compra do grupo Savoy pelo empresário
Avelino Farinha - e há que dizer com toda a frontalidade - garantiu a conclusão
de um dos maiores empreendimentos da Região (e que estava paralisado) e salvou
o grupo regional detentor daquele grupo hoteleiro que chegou a estar
confrontado com a inevitabilidade de passar por dificuldades funcionais.
A compra incluiu o "buraco"
existente na Avenida do Infante e que por lá se manteve durante alguns anos,
devido à paralisação do investimento por falta de recursos financeiros
disponíveis. Não acredito que possa haver uma única pessoa, incluindo algumas
almas caridosas que por aí andam, que sustente que aquilo dignificava a cidade
e honrava o turismo regional.
Uma
compra para salvar um grupo e garantir um projecto
Quando o empresário Avelino Farinha apostou
na compra do antigo Savoy - negócio que depois evoluiu para todo o grupo -
percebeu-se que, devido ao falecimento do empresário Horácio Roque e às
dificuldades do empresário José Berardo, o anterior grupo proprietário do Savoy
(SIET) estava descapitalizado e sem perspetivas de inverter a situação,
pressionado ainda por vários compromissos bancários que tinham que ser
regularizados para que fossem evitadas situações mais extremadas.
Aliás, convém referi-lo, por ocasião da
operação de compra do grupo por parte de Avelino Farinha - na altura falou-se
de uma verba da ordem dos 100 milhões de euros - uma parcela muito
significativa dessa verba foi canalizada diretamente para algumas instituições
bancárias, para que fossem regularizadas algumas dívidas pendentes.
Acresce que a compra da SIET-Savoy impediu
a perda da licença de construção do novo Savoy - a licença caducaria em
Dezembro de 2015 - e permitiu atenuar o impacto negativo que a crise no Banif
teve nos dois investidores, Berardo e Roque, que acumularam perdas
significativas, sobretudo este último.
Além disso, foi possível manter mais de 200
postos de trabalho distribuídos pelos dois hotéis que o grupo tinha em
funcionamento, garantindo o seu funcionamento e evitando problemas sociais
graves caso a solução encontrada não fosse concretizada.
Para que as pessoas percebam melhor a
situação, direi que a compra do Savoy por José Avelino Farinha impediu um
segundo Madeira Palácio com tudo o que de negativo isso implica, quer em termos
sociais quer em termos de imagem do sector hoteleiro regional, dado que até
este momento e apesar de várias iniciativas alegadamente havidas nos últimos
anos, ninguém investiu na conclusão de um empreendimento, cuja compra, mais as
obras a realizar no hotel, poderá implicar uma verba próxima dos 170 a 200
milhões de euros. Percebe-se perfeitamente o impasse e a inexistência de nenhum
interessado.
Alterações
ao projecto
Na sua versão inicial o empreendimento do Savoy
incluía a parte hoteleira - 470 quartos - e uma zona ocupada por apartamentos
residenciais, tudo isto distribuído por 4 blocos. Esta divisão foi abandonada
pelo empresário Avelino Farinha que excluiu os apartamentos e optou por passar
de 470 para 550 quartos de hotel.
O projecto de alteração foi entregue na
Câmara do Funchal que o deveria ter remetido ao Governo Regional (Secretaria
Regional da Economia e Turismo) para emissão de parecer. Segundo apurei esse
procedimento camarário falhou, embora fosse mais do que provável que o
executivo não se oporia à alteração proposta, dado que o aumento de quartos em
detrimento dos apartamentos, não implicou o aumento da área de construção constante
do projecto original apresentado ainda pelos anteriores proprietários, Roque e
Berardo e devidamente aprovado pela edilidade.
E
agora?
A CMF, eventualmente pressionada pela
procissão diárias de indivíduos pelos corredores dos serviços camarários a
solicitarem informações e documentos, pediu ao promotor alguns dados sobre medições,
volumetria, etc, que serão facultados rapidamente.
O promotor, e alguns colaboradores mais
próximos, e mais diretamente ligados ao empreendimento, temiam que a pressão
política e social que inevitavelmente seria feita sobre Paulo Cafofo depois dos
acontecimentos dramáticos no Monte – porque o edil funchalense não estaria
preparado para uma situação destas e dificilmente teria ao seu lado uma
estrutura de colaboradores capaz de responder eficazmente a essa pressão - pudesse
ceder a pressões impostas pelo calendário eleitoral, tentado usar o novo Savoy
como eventual moeda de troca na polémica. Esse cenário - pouco plausível dado
que Cafofo dificilmente aceitaria ceder perante os críticos, até porque isso o
fragilizaria provavelmente em definitivo. Acresce que não existe qualquer
ilegalidade do promotor do novo Savoy pelo que qualquer situação mais extremada
colocaria em causa um investimento que terá grandes repercussões na economia
regional. E poderia abrir um diferendo entre a edilidade e o promotor de
desfecho imprevisível. O embargo parcial será rapidamente ultrapassado e a qualidade
final do projecto vai espantar muita gente.
Novo
quarteirão
Entretanto, o empresário madeirense já
concretizou - escrituras formalizadas - a compra do quarteirão da Insular de
Moinhos no Funchal, onde deverá nascer um novo empreendimento hoteleiro.
Contudo, tal projecto apenas será
dinamizado depois de concluído o Savoy permitindo deste modo não apenas uma
mudança positiva na cidade do Funchal e num local que precisa de uma urgente
intervenção, como garantirá à empresa de Avelino Farinha a colocação dos seus
trabalhadores evitando deste modo qualquer cenário de despedimento depois de
concluído o empreendimento hoteleiro na Avenida do Infante (LFM)
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