Um grupo de “hackers” que se autointitula "Os
Guardiões Binários" atacou uma série de “websites” do governo da
Venezuela, publicando mensagens contra a “ditadura” de Nicolás Maduro e de
aparente apoio a um grupo de homens armados que executou um ataque contra uma
base militar da cidade de Valencia, no norte do país.
Entre os sítios-alvo contam-se a morada cibernética do
governo, a do Conselho Nacional Eleitoral e a da Marinha venezuelana. Uma
mensagem publicada no “site” principal do Executivo fazia referência à
“Operação David”, nome de código do ataque em Valencia de acordo com os media
venezuelanos. “A ditadura tem os dias contados”, lia-se nessa publicação.
As autoridades venezuelanas garantem ter travado o
ataque em Valencia há dois dias, que terá sido executado por um grupo de civis
armados liderados por um desertor do Exército. Neste momento, informou o
Presidente venezuelano, a polícia está à procura de dez homens que conseguiram
escapar com armas no rescaldo do ataque e que integram um grupo de cerca de 20
pessoas, das quais duas foram mortas, uma ferida e sete detidas, acrescentou
Maduro.
Um vídeo divulgado nas redes sociais antes do
ciberataque às instituições venezuelanas mostrava homens de uniforme a
anunciarem que estavam a rebelar-se contra a “tirania homicida do Presidente
Nicolás Maduro” — que, horas depois do incidente, surgiu na televisão estatal a
congratular o Exército pela sua “reação imediata” que permitiu que o ataque
fosse travado às primeiras horas de domingo.
Classificando o incidente como um “ataque terrorista”
executado por “mercenários”, o contestado líder da Venezuela manifestou
“admiração” pelos militares e informou que as forças de segurança estão à
procura dos que escaparam, prometendo: “Vamos apanhá-los”. Segundo informações
oficiais do governo, entre os detidos conta-se um primeiro tenente desertor e
civis que envergavam uniformes do Exército. Maduro acredita que o grupo foi
apoiado por líderes da oposição ao governo socialista que estão sediados nos
Estados Unidos e na Colômbia.
No vídeo publicado domingo na internet vê-se um homem
que se identifica como Juan Caguaripano a dizer que o seu grupo, autointitulado
Brigada 41, não executou um golpe “mas uma ação civil e militar para
restabelecer a ordem constitucional”.
Entretanto, a capital venezuelana, Caracas, foi palco
de uma marcha de apoio ao governo de Maduro na segunda-feira, com os
manifestantes a pedirem o fim dos protestos da oposição e da violência nas ruas
daquela e de outras cidades. A Venezuela está a ser palco de enormes
manifestações contra Maduro desde o início do abril, com confrontos a
provocarem pelo menos 120 mortos desde então.
A oposição acusa o Presidente do Partido Socialista
Unido da Venezuela (PSUV) de estar a tentar agarrar-se ao poder de forma
ilegítima, sobretudo através de alterações à Lei Fundamental da nação que serão
definidas pela recém-eleita Assembleia Constituinte.
O incidente em Valencia aconteceu um dia depois da
primeira sessão oficial dessa assembleia, cuja tomada de posse foi adiada
algumas vezes pelo governo depois das eleições de 30 de julho. Nessa sessão, o
primeiro assunto votado foi o despedimento da procuradora-geral Luisa Ortega,
uma ex-aliada do Presidente que se tornou uma das suas maiores críticas.
Maduro continua a defender que o novo organismo tem
como principal função trazer a paz e a estabilidade de volta à Venezuela. Os
críticos dizem que a criação desta assembleia, responsável por reescrever a
Constituição e autorizada pelo governo a sobrepôr-se ao parlamento (atualmente
controlado pela oposição), é mais uma deriva autoritarista do Presidente
(Expresso)
Sem comentários:
Enviar um comentário