segunda-feira, dezembro 19, 2016

Alberto João Jardim ao Público: "Tenho na vida um horror enorme em ser injusto"

Como vê de fora este governo do PSD-Madeira?
Você ainda não me viu até agora falar publicamente do governo daqui. Naturalmente que troca as minhas impressões em privado, mas não me ouviu ainda falar nem para o bem, nem para o mal. Sabe porquê? Eu sabia, quando estava no governo, que às vezes determinadas apreciações pecavam por falta de informação e ao pecar por falta de informação tornavam-se injustas, e eu tenho na vida um horror enorme em ser injusto. Qualquer posição minha poderia ser mal interpretada. Ou como uma rendição, ou como o querer manter uma oposição, porque toda a gente sabe que a actual solução do PSD-Madeira não teve o meu apoio.
E hoje, um ano depois de Miguel Albuquerque ter tomado posse, continua a não se rever no PSD-Madeira?
Olhe, eu não votei nas últimas eleições internas, que foram há poucos dias, e isso diz tudo. Mas a minha boca ficou calada, não fiz qualquer observação.

Está magoado?
Aqui na Madeira não. Estar magoado significa dar importância. Fizeram-me algumas, um dia ei-de contá-las. Passaram-se coisas muito esquisitas, algumas das quais eu conto no meu livro que deverá sair à estampa em Fevereiro ou Março.
Já está pronto.
Está entregue à editora. O título não digo sem autorização da editora. Não são bem memórias ou recordações. Conta a minha visão sobre a história da Madeira. Não tem discursos nem artigos meus – às vezes vejo aí livros de memórias que é só discursos e artigos, uma coisa enfadonha. Quem quiser que vá procurar os discursos aos arquivos. Neste momento eu entreguei 1640 páginas A4 à editora. O livro é uma narração desde a manhã do 25 de Abril de 1974 até eu me vir embora da política, mas que conta muitas coisas, histórias, é mais um livro de um jornalista do que de um governante. Do jornalista que eu também fui. Conta muitas histórias, algumas as pessoas desconhecem. É um livro que procura atrair a leitura e não chatear ninguém.  
Fala do seu estilo político, da forma como confrontou adversários políticos?
Sim, sim. Não me escondo. Conto isso tudo e explico porquê, e porque depois fizemos as pazes.
Admite que possa ter ido longe de mais em alguns casos?
Só num é que eu admito que fui um bocado violento. Já o disse antes. Foi quando um dia no Chão da Lagoa – está a ver que eu estou a rir-me a contar isto –, falei do engenheiro Guterres e a banda que me acompanhava nos comícios começa a tocar a ‘Mula da Cooperativa’. Começou toda a gente a cantar a ‘Mula da Cooperativa’. Foi um pedacinho forçado. Embora ele me tenha feito umas patifarias, devo dizer que merece estar no lugar onde está (entrevista realizada pelo jornalista MÁRCIO BERENGUER, correspondente no Funchal)

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