“De 2013 ficam
sinais. Contraditórios, infelizmente. Estamos na mais ingrata das
encruzilhadas: aquela em que não podemos dizer que tudo o que foi feito [pelo
Governo] foi mau, mas também não podemos anunciar a certeza, longe disso, de
estarmos finalmente no bom caminho, da resolução dos nossos problemas
financeiros e da recuperação económica. Pior do que tudo, a sociedade
portuguesa está a extremar-se entre os que acreditam na via liberalizante promovida
por Passos Coelho e aqueles que continuam a defender o Estado como o eixo
central de quase todas as políticas do País. Parece não haver nem meio-termo
nem espaço para o consenso político. E deveria haver. É esse bom senso, esse
equilíbrio, essa contratualização, sempre desprezada pelos radicais, que marca
a fronteira entre as sociedades desenvolvidas e os países que descobrem tudo
todos os dias. E isto passa-se perante o inquietante desinteresse de um
crescente número de cidadãos, como as eleições, quando surgem, comprovam.
Portugal não está
bem - e isso não se vê apenas na economia, nas finanças e na taxa de
desemprego. Vê-se todos os dias e em todo o lado, na discussão rasteira, na
opinião conflituosa, fulanizada, na incapacidade de definir políticas em áreas
sociais, em pensar para além do horizonte de troika e em matérias que não
tenham que ver com défice, dívida, números” (...) (texto de João Marcelino, DNde Lisboa, com a devida vénia)