“Em 25 de maio o
País irá a votos para escolher 21 eurodeputados. Eleições que poderão mudar o
ciclo. Tudo depende da forma como Portugal sair do memorando - uma semana antes. Em dia de
eleições europeias, os portugueses costumam fazer uma de duas coisas: não votar
(há vinte anos que a abstenção anda nos 60%); ou, em votando, penalizar o
Governo em funções.
É isso que se
espera no próximo dia 25 de maio. Por um lado, uma elevada abstenção; por
outro, a penalização eleitoral do Governo PSD/CDS. Passos Coelho, aliás, já o
disse (na entrevista TVI/TSF de 12 de dezembro). O Governo, afirmou, "está
preparado" para ser «penalizado nas eleições europeias". "Isso é
possível."
Resta a
incógnita: qual a dimensão da penalização? Aqui entra a forma como terminará em
Portugal o PAEF (Programa de Assistência Económica e Financeira). A data está
marcada: 17 de maio - ou seja, exatamente uma semana antes das eleições,
portanto em plena campanha eleitoral. Nessa altura já se saberá como Portugal
saiu do memorando - ou até, eventualmente, que não saiu, prolongando-se o PAEF
para um segundo resgate. Este, a confirmar-se, representará para os portugueses
mais uns anos de grande dureza; e para a coligação PSD/CDS um desastre político
absoluto, com reflexos mais do que previsíveis nas europeias.
Dito de outra
forma: se as eleições de 25 de maio representarem para o Governo uma derrota esmagadora
(que as últimas autárquicas não representaram, por exemplo), tudo se conjugará
para que o Presidente da República seja mais pressionado do que nunca a pôr
termo à legislatura, convocando eleições antecipadas. Mas poderemos ter, por
outro lado, o cenário oposto: uma saída relativamente "limpa" do
memorando, com um programa cautelar com duração mínima de um ano e máxima de
dois, passando a coligação PSD/CDS o teste - e "cobrando-o" nas
eleições. Está tudo em aberto e só há uma certeza: fim do PAEF e resultados
eleitorais estarão umbilicalmente ligados.
150 mil votos = 1
deputado
A aliança de
Governo apresentar-se-á coligada e o elenco da lista deverá ser conhecido em
março. Já se sabe que Paulo Rangel (PSD) deverá ser o cabeça de lista, sendo
Nuno Melo o primeiro em representação do CDS (provavelmente em terceiro lugar
na lista). Já o PS deverá apresentar Francisco Assis a número um da lista e o
Bloco de Esquerda Marisa Matias (embora esta não seja uma indicação
confirmada). Da CDU nada se sabe.
O que se sabe,
também, é que o número de eurodeputados portugueses diminuirá de 24 para 21.
Isto fará que o número mínimo de votos para eleger um eurodeputado seja à roda
de 150 mil. A esquerda tem-se mexido muito e entre o PS e o BE poderá surgir o
Partido Livre, de Rui Tavares. A baralhar todas as previsões poderá surgir,
entretanto, pelo MPT, a candidatura do ex-bastonário dos advogados, Marinho e
Pinto” (texto de João Pedro Henriques, DN de Lisboa, com a devida vénia)