Li no Dinheiro Vivo que António Pires de Lima, com 51 anos, foi CEO da Unicer desde 2006. O novo ministro da Economia, licenciado e mestre em Economia, tem-se posicionado contra a subida de impostos, a favor descida da TSU e de uma Europa a uma só velociade, que se apoie mutualmente.
Fiscalidade
A questão da fiscalidade é central no pensamento do economista. Sobre o 'supercrédito fiscal' aprovado recentemente, pelo Governo, que permite às empresas descontar 20% dos investimentos que fizeram, até ao limite de 70% do IRC, descendo o imposto para 7,5%, Pires de Lima disse que tem "reclamado muito pelo uso da fiscalidade excessiva” e que se pode “congratular por uma medida desta natureza". "É uma medida muito estimulante e que espero possa levar à antecipação de algumas decisões de investimento de 2014 e 2015 para este ano", afirmou. O CEO considera que "não é razoável que Portugal tenha hoje, com os rendimentos que tem, níveis de impostos que fazem com que as classes baixa e média sejam tão penalizadas e que nas mais altas quase 50% [dos rendimentos] seja para pagar a dívida do Estado. Não é razoável em termos de médio e longo prazo". Este acrescenta que aquilo "que se pode discutir é se, do ponto de vista de equidade e justiça, os sacrifícios pedidos aos portugueses estão de facto bem repartidos, [uma vez que] é sobretudo sobre aqueles que trabalham que está a ser feita a maior penalização. Os rendimentos dos capitais e património, até os impostos sobre a empresa, têm sido razoavelmente poupados neste aumento de impostos que tem vindo a ser comunicado". Em 2011, o empresário afirmou que "em Portugal, atualmente, as pessoas trabalham para pagar impostos". Acrescentou ainda que "quem trabalha em Portugal só se pode sentir triste com esta situação, uma vez que o Estado continua a aumentar consecutivamente a carga fiscal e não apresenta qualquer corte do lado da despesa". O gestor foi muito crítico sobre a possível baixa da Taxa Social Única. Pires de Lima considerou que a medida iria "desviar um salário dos trabalhadores para as empresas sem que isso ajude nas contas públicas”. “Como gestor da Unicer", afirmou, na altura, "o principal problema com que as empresas portuguesas estão confrontadas é o financiamento à actividade económica e o custo desse financiamento”, disse. O economista sugeriu que, em vez da TSU, “parte da solução é olhar para os bons exemplos das empresas competitivas em Portugal e verificar que a maioria delas estão mais assentes em gestão qualificada, apostas acertadas e culturas de inovação, que propriamente na redução dos custos unitários do trabalho”. “Se eu tivesse influência preocupava-me em dar resposta a este problema. É muito difícil sair desta crise sem crescimento”. Este sublinhou que não vê forma de crescer “se este tema de financiamento não tiver solução no curto e médio prazo”.
Investimento
No que diz respeito à burocracia na Justiça, Pires de Lima foi bastante crítico em julho de 2011, dizendo que "quando um Estado de Direito não funciona é difícil atrair investimento estrangeiro de qualidade, e o Estado de Direito não pode ser uma palavra vã". Acrescentando que "não há ninguém responsável pela Justiça, está delegada em diferentes individualidades". Por esse motivo, as reformas são mais difíceis.
Processo de ajustamento da economia
Sobre o processo de ajustamento, o gestor considerava, em maio deste ano, estar a ter consequências económicas e sociais "excessivas, muito violentas e indesejáveis". “Todos nós, que trabalhamos nas empresas, gostaríamos seguramente que o país não se afundasse com a praia à vista." “Todos nós gostaríamos que este processo fosse feito com o maior respeito pela economia, pelas empresas e pelas pessoas porque não são muitos os casos de empresas portuguesas como a Unicer que consigam sobreviver e resistir num ambiente de empobrecimento tão forte como aquele em que estamos em Portugal, cuja maior tradução é o desemprego", criticou o economista, na mesma intervenção. Para a saída da crise, Pires de Lima considerou que as exportações não são a resposta para tudo - "os políticos que não se convençam que as exportações vão salvar as empresas. É tempo de as pessoas que estão a construir este processo de ajustamento terem um discurso e uma prática mais próximos da economia real". Tal como explicou em março de 2013, António Pires de Lima pensa que as exportações são “apenas um motor” das empresas e que “o outro motor está parado” - o do consumo interno – o que é “desequilibrado” do ponto de vista empresarial. Na realidade, as “quedas tão agressivas no consumo interno” resultam do processo de ajustamento. “Não é bom para a economia e não é bom para a internacionalização das empresas”. Ainda assim, o economista pensa que dado o défice do país e a dívida acumulada "só há duas soluções enquanto Portugal não voltar a ser um país de grande crescimento económico: ou se reduz o peso do Estado e da forma menos gravosa possível, mais benevolente possível, ou se aumentam os impostos". António Pires de Lima esperava “que estejamos a sofrer por uma boa causa. As medidas eram necessárias e espero que a partir dos próximos meses fique mais clara a estratégia para controlar a despesa pública". Já em 2011, o então CEO da Unicer lembrava que "sem crescimento económico não conseguimos sair desta situação" e que o controlo do défice público é muito importante para fazer face à crise. Porém, dizia, existe o problema de "sempre que algum governo trata de reduzir a despesa pública temos um presidente que diz que há vida além do défice". "Ou somos capazes de ajustar a despesa pública ou vamos assassinar uma economia que já está em estado comatoso". E advertiu: "a austeridade, quando é excessiva, quando não está bem calibrada, acaba por ser ela própria o motivo de recessão e por nos distanciar das metas que pretendíamos atingir com essa mesma austeridade."
Europa
Pires de Lima defende uma Europa a uma única velocidade. Seguindo a duas velocidades, o euro não irá resistir além de 2015, “corremos o risco de ver o euro implodir, não por motivos financeiros, mas sociais e políticos”, dado os níveis de desemprego dramáticos, disse em fevereiro de 2013. É necessário “um novo plano Marshall para a Europa, ou todas as soluções nacionais serão apenas panaceias que não resolvem os problemas de fundo”, afirmou. O novo ministro da Economia dizia, então, ser necessário mais "investimento da Europa do Norte na Europa do Sul".
Fiscalidade
A questão da fiscalidade é central no pensamento do economista. Sobre o 'supercrédito fiscal' aprovado recentemente, pelo Governo, que permite às empresas descontar 20% dos investimentos que fizeram, até ao limite de 70% do IRC, descendo o imposto para 7,5%, Pires de Lima disse que tem "reclamado muito pelo uso da fiscalidade excessiva” e que se pode “congratular por uma medida desta natureza". "É uma medida muito estimulante e que espero possa levar à antecipação de algumas decisões de investimento de 2014 e 2015 para este ano", afirmou. O CEO considera que "não é razoável que Portugal tenha hoje, com os rendimentos que tem, níveis de impostos que fazem com que as classes baixa e média sejam tão penalizadas e que nas mais altas quase 50% [dos rendimentos] seja para pagar a dívida do Estado. Não é razoável em termos de médio e longo prazo". Este acrescenta que aquilo "que se pode discutir é se, do ponto de vista de equidade e justiça, os sacrifícios pedidos aos portugueses estão de facto bem repartidos, [uma vez que] é sobretudo sobre aqueles que trabalham que está a ser feita a maior penalização. Os rendimentos dos capitais e património, até os impostos sobre a empresa, têm sido razoavelmente poupados neste aumento de impostos que tem vindo a ser comunicado". Em 2011, o empresário afirmou que "em Portugal, atualmente, as pessoas trabalham para pagar impostos". Acrescentou ainda que "quem trabalha em Portugal só se pode sentir triste com esta situação, uma vez que o Estado continua a aumentar consecutivamente a carga fiscal e não apresenta qualquer corte do lado da despesa". O gestor foi muito crítico sobre a possível baixa da Taxa Social Única. Pires de Lima considerou que a medida iria "desviar um salário dos trabalhadores para as empresas sem que isso ajude nas contas públicas”. “Como gestor da Unicer", afirmou, na altura, "o principal problema com que as empresas portuguesas estão confrontadas é o financiamento à actividade económica e o custo desse financiamento”, disse. O economista sugeriu que, em vez da TSU, “parte da solução é olhar para os bons exemplos das empresas competitivas em Portugal e verificar que a maioria delas estão mais assentes em gestão qualificada, apostas acertadas e culturas de inovação, que propriamente na redução dos custos unitários do trabalho”. “Se eu tivesse influência preocupava-me em dar resposta a este problema. É muito difícil sair desta crise sem crescimento”. Este sublinhou que não vê forma de crescer “se este tema de financiamento não tiver solução no curto e médio prazo”.
Investimento
No que diz respeito à burocracia na Justiça, Pires de Lima foi bastante crítico em julho de 2011, dizendo que "quando um Estado de Direito não funciona é difícil atrair investimento estrangeiro de qualidade, e o Estado de Direito não pode ser uma palavra vã". Acrescentando que "não há ninguém responsável pela Justiça, está delegada em diferentes individualidades". Por esse motivo, as reformas são mais difíceis.
Processo de ajustamento da economia
Sobre o processo de ajustamento, o gestor considerava, em maio deste ano, estar a ter consequências económicas e sociais "excessivas, muito violentas e indesejáveis". “Todos nós, que trabalhamos nas empresas, gostaríamos seguramente que o país não se afundasse com a praia à vista." “Todos nós gostaríamos que este processo fosse feito com o maior respeito pela economia, pelas empresas e pelas pessoas porque não são muitos os casos de empresas portuguesas como a Unicer que consigam sobreviver e resistir num ambiente de empobrecimento tão forte como aquele em que estamos em Portugal, cuja maior tradução é o desemprego", criticou o economista, na mesma intervenção. Para a saída da crise, Pires de Lima considerou que as exportações não são a resposta para tudo - "os políticos que não se convençam que as exportações vão salvar as empresas. É tempo de as pessoas que estão a construir este processo de ajustamento terem um discurso e uma prática mais próximos da economia real". Tal como explicou em março de 2013, António Pires de Lima pensa que as exportações são “apenas um motor” das empresas e que “o outro motor está parado” - o do consumo interno – o que é “desequilibrado” do ponto de vista empresarial. Na realidade, as “quedas tão agressivas no consumo interno” resultam do processo de ajustamento. “Não é bom para a economia e não é bom para a internacionalização das empresas”. Ainda assim, o economista pensa que dado o défice do país e a dívida acumulada "só há duas soluções enquanto Portugal não voltar a ser um país de grande crescimento económico: ou se reduz o peso do Estado e da forma menos gravosa possível, mais benevolente possível, ou se aumentam os impostos". António Pires de Lima esperava “que estejamos a sofrer por uma boa causa. As medidas eram necessárias e espero que a partir dos próximos meses fique mais clara a estratégia para controlar a despesa pública". Já em 2011, o então CEO da Unicer lembrava que "sem crescimento económico não conseguimos sair desta situação" e que o controlo do défice público é muito importante para fazer face à crise. Porém, dizia, existe o problema de "sempre que algum governo trata de reduzir a despesa pública temos um presidente que diz que há vida além do défice". "Ou somos capazes de ajustar a despesa pública ou vamos assassinar uma economia que já está em estado comatoso". E advertiu: "a austeridade, quando é excessiva, quando não está bem calibrada, acaba por ser ela própria o motivo de recessão e por nos distanciar das metas que pretendíamos atingir com essa mesma austeridade."
Europa
Pires de Lima defende uma Europa a uma única velocidade. Seguindo a duas velocidades, o euro não irá resistir além de 2015, “corremos o risco de ver o euro implodir, não por motivos financeiros, mas sociais e políticos”, dado os níveis de desemprego dramáticos, disse em fevereiro de 2013. É necessário “um novo plano Marshall para a Europa, ou todas as soluções nacionais serão apenas panaceias que não resolvem os problemas de fundo”, afirmou. O novo ministro da Economia dizia, então, ser necessário mais "investimento da Europa do Norte na Europa do Sul".