sábado, fevereiro 11, 2012

Mais de 34 mil famílias deixaram de pagar empréstimos à banca

Escreve a jornalista Marta Marques Silva do Económico que “só no crédito à habitação, o número de portugueses que deixou de pagar os empréstimos disparou 450% no último ano, um valor recorde. No último ano 34.637 famílias portuguesas deixaram de conseguir pagar os créditos contratados com a banca. Trata-se de um recorde e que eleva o número total de famílias com empréstimos em incumprimento para 670.604. Alargando a análise aos últimos dois anos, 62.640 famílias entraram em incumprimento junto da banca. A estes números somam-se ainda 57.914 empresas que igualmente não conseguem pagar as prestações em atraso. Os números são preocupantes e nenhum outro segmento de crédito ilustra melhor o actual nível de esforço das famílias portuguesas do que o crédito à habitação que é, por norma, uma das últimas responsabilidades que as famílias deixam de cumprir. Em 2011, 12.280 famílias deixaram de pagar a prestação da casa, para um total de 139.875 famílias. Em 2010 haviam sido 2.218, o que significa uma subida superior a 450%. Cada um destes lares tem cerca de 17.000 euros de dívidas em atraso, relativas ao pagamento da prestação da casa. Já os números relativos ao crédito ao consumo evidenciam bem a política de crédito fácil dos últimos anos. No total, mais de 610.700 portugueses não conseguem pagar hoje empréstimos no valor médio de 5.274 euros. No último ano, entre empresas e particulares, os bancos viram o montante de crédito em incumprimento aumentar 2,87 mil milhões de euros, e isto apesar do valor das respectivas carteiras de crédito ter diminuído mais de sete mil milhões de euros. A banca prossegue assim os objectivos de desalavancagem fixados pela ‘troika', depois de em 2010 a carteira total de crédito dos bancos ter encolhido apenas 86 milhões de euros. Este esforço foi partilhado no último ano por famílias e empresas, com as últimas a serem responsáveis por 51% do corte alcançado. Também no segmento de empresas, o número de instituições que entraram em incumprimento no último ano bateu recordes. Em 2011, foram 8.989 as empresas que deixaram de pagar créditos à banca, o valor mais alto desde que existem registos, ou seja, Dezembro de 2002. Comparando com 2010, o número de empresas que entrou em incumprimento disparou 277%, de 2.383 para 8.989 empresas. Estes números são um reflexo da capacidade actual dos principais agentes económicos do País. Num momento em que a taxa de esforço de particulares e empresas parece estar a atingir um limite, tudo indica que a actual tendência deverá continuar a agravar-se em 2012. Para os bancos estes números indiciam perdas, aumento de provisões e maiores dificuldades em cumprir com os rácios de capital exigidos.

Concessão de crédito aumenta 40% em Dezembro de 2011

Os bancos abriram o cordão à bolsa no último mês de 2011. Em Dezembro, as instituições financeiras concederam perto de 5,7 mil milhões de euros em empréstimos em Portugal. Este montante representa uma subida de 40% face ao que se verificou no mês precedente. Foi no crédito às empresas onde se notou uma subida mais acentuada. No último mês do ano, os bancos emprestaram às empresas cerca de 5,2 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 43% face aos 3,6 mil milhões registados em Novembro. Nas empresas de maior dimensão foi onde se assistiu a uma maior abertura dos cordões à bolsa por parte dos bancos. Receberam 3,2 mil milhões de euros. Trata-se do valor mais elevado dos últimos três anos e representa um acréscimo de mais de 77% face ao montante de empréstimos concedidos em Novembro. Já as pequenas empresas receberam dos bancos perto de dois mil milhões de euros: mais 8,6% do que no mês anterior. No caso das famílias, também se observou um aumento da concessão de crédito, mas numa proporção muito menor (17%). Uma das razões que pode ajudar a explicar o aumento da concessão de crédito relaciona-se com a realização, em Dezembro, pelo Banco Central Europeu, do primeiro leilão de dívida a três anos, o que veio atribuir aos bancos uma maior estabilização da sua situação financeira e ao mesmo tempo permitir-lhes uma maior folga para emprestar dinheiro”.

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