sábado, setembro 17, 2011

Helle Thorning-Schmidt faz história com piores resultados social-democratas

Li aqui que "Helle Thorning-Schmidt passará à história da social-democracia dinamarquesa com uma marca paradoxal: a primeira mulher a chegar ao poder na Dinamarca com os piores resultados de seu partido em um século. Porém, a notável votação alcançada pelos dois partidos menores da coalizão, permitiu que a centro-esquerda superasse o bloco da direita. O paradoxo se completa com outro dado: Thorning-Schmidt está longe de se encaixar na imagem tradicional de líder de seu partido. A nova líder dinamarquesa, de 44 anos, não cresceu em um bairro operário nem provém de uma família social-democrata - seus pais eram de classe média-alta e votavam na direita ou na centro-direita. A caçula de três irmãos, que aos dez anos foi viver com sua mãe após o divórcio de seus pais, foi a primeira da família a se filiar ao Partido Social-Democrata. "Não nasci para ser social-democrata, eu escolhi me tornar uma", admitiu certa vez Thorning-Schmidt, que não se filiou ao partido até os 27 anos, após freqüentar com assiduidade os círculos social-democratas em Bruges (Bélgica), em cujo Colégio Europeu realizou um mestrado. Foi ali onde conheceu aquele que se tornaria seu marido, com o qual tem duas filhas: Stephen Kinnock, filho de Neil Kinnock, o histórico líder do trabalhismo britânico durante a gestão de Margaret Thatcher. Uma vez concluída sua licenciatura em Ciências Políticas, Thorning-Schmidt trabalhou vários anos no escritório dos social-democratas dinamarqueses em Bruxelas, antes de voltar à Dinamarca para se casar e trabalhar como consultora de um sindicato aliado à social-democracia. Thorning-Schmidt deixou a Dinamarca novamente em 1999, quando contra toda previsão conquistou a última cadeira de seu partido no Parlamento Europeu, graças ao apoio da então eurodeputada Ritt Bjerregaard, com quem anos mais tarde se confrontaria. Dessa época vem o apelido de "Gucci-Helle", que lhe pôs um companheiro de partido por seu gosto pelas roupas da marca. Cumprida sua etapa como eurodeputada, entrou na política dinamarquesa ao ser eleita deputada em 2005, ano em que o líder social-democrata Mogens Lykketoft foi derrotado por Anders Fogh Rasmussen. A renúncia de Lykketoft abriu passagem às primárias onde se esperava que o ex-ministro e porta-voz parlamentar Frank Jensen não teria rival, mas a ala direitista do partido apoiou Thorning-Schmidt, figura desconhecida do público. Com 38 anos, se transformou em poucos meses em fenômeno midiático, mas pouco a pouco foi perdendo forças, e pagou por sua inexperiência frente ao experiente primeiro-ministro, que alcançou seu terceiro triunfo consecutivo. Thorning-Schmidt aprendeu a lição e enquanto fechava as feridas no seio de seu partido, assinava um pacto com os socialistas sobre imigração e política econômica, arrastando seu partido à direita, para aplacar as críticas sobre a falta de união da oposição. A saída do carismático primeiro-ministro Anders Fogh Rasmussen - que deixou o cargo para assumir o comando da Otan -, o desgaste no poder dos liberais, os efeitos da crise econômica e seu indubitável talento político acabaram fazendo o resto para levá-la ao poder”.

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