sábado, setembro 17, 2011

Ensino superior português dos mais baratos da OCDE

Li no Jornal I que "cada universitário português custa menos metade de um norte- -americano. No secundário a despesa nacional está perto da média. É caso para dizer que uma factura pequena ainda pode trazer grandes proveitos. Portugal está entre os países da OCDE com um dos menores custos médios por aluno do ensino superior, um total de 7300 euros, revelou ontem o relatório anual "Perspectivas da Educação", da Organização para a Cooperação e o De-senvolvimento Económico. Este valor é cerca de 3 mil euros inferior ao da média dos 34 países, ligeiramente superior ao de países como a República Checa, a Hungria, a Eslovénia e a Polónia, mas mais baixo que a despesa num país como o Brasil. Ainda assim, volta a sublinhar a OCDE, o canudo português ainda é dos mais valiosos. Em Portugal 40% dos diplomados no ensino superior ganham o dobro do empregado médio, quando a média na OCDE é ganhar mais 23%. A Noruega, o quinto país que mais gasta neste nível de ensino (13 870 euros), surge ao lado da Finlândia no pódio dos países onde os estudos superiores trazem menos recompensas salariais. O relatório da OCDE permite a comparação anual de diferentes indicadores da educação, com um atraso de dois anos em relação à realidade. Os dados utilizados são de 2009 e revelam por exemplo que Portugal, mesmo em matéria de empregabilidade, se mantém entre os países onde o ensino superior é menos sinónimo de desemprego. De acordo com as tabelas divulgadas ontem, 87% dos diplomados portugueses entre os 25 e os 64 anos tinham trabalho em 2009. Nos EUA, campeões na despesa no ensino superior (21 900 euros por aluno), são apenas 81% os empregados. O cenário nacional é em parte confirmado pelos últimos dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional, de Julho, que mostram que os diplomados representam 9,4% dos inscritos (49 781 num universo de 524 118 pessoas). Note-se contudo que esta percentagem sobe entre as mulheres, para os 11,9%. Uma análise aos últimos dados do INE revela também que esta segurança do canudo tem vindo a deteriorar-se: a taxa de desemprego para diplomados no ensino superior quase duplicou desde o ano 2000: de 3,4% para 7,1%. Num relatório em que Portugal tem vindo a ser bem retratado nos últimos anos, o destaque da edição publicada ontem foi uma referência ao programa Novas Oportunidades. No documento lê-se que a taxa de conclusão ronda os 96%, um aumento de 36% em relação a 2008. Nuno Crato, num comentário ao relatório, falou de inflação dos números e sublinhou que o programa está a passar por uma avaliação profunda. "Estamos preocupados com a qualificação real dos portugueses." Neste nível de ensino, Portugal gasta sensivelmente o mesmo que a média da OCDE, 5841 euros, um valor comparável com o da Coreia do Sul. O país que mais gasta com os seus alunos do secundário é o Luxemburgo: 14 602 euros. Em termos de empregabilidade, as tabelas da OCDE dizem que 80% dos que concluem este nível de estudo têm trabalho. Os dados do IEFP validam o indicador: os inscritos com o ensino secundário completo somavam 20,2% em Julho. No INE a taxa de desemprego neste nível de escolaridade em 2010 rondava os 11,3%.
Salários dos professores

Se para Nuno Crato o relatório "esconde a realidade do país", a Fenprof foi mais longe e chamou-lhe "vigarice". Num capítulo distinto, a Federação Nacional dos Professores rejeitou a análise da OCDE que coloca Portugal acima da média no que diz respeito aos salários dos professores relativamente ao produto interno bruto. "Se virmos quem são os professores que em relação ao PIB têm os salários mais elevados, se calhar são os da Guiné-Conacri, da Gâmbia ou de qualquer outro país onde as pessoas ganham menos e passam fome", criticou o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, citado pela Lusa. Numa das conclusões da OCDE lê-se que a despesa por aluno está directamente relacionada com o nível salarial dos professores. Em Portugal, tanto no ensino básico como no secundário, os vencimentos dos professores representam uma fatia relativamente grande na despesa das instituições de ensino, superior à da média da OCDE e quase 10 pontos percentuais acima por exemplo da de Espanha. De acordo com as tabelas disponibilizadas ontem, os vencimentos dos professores representam 81,5% da despesa no básico e 82,8% no secundário”.

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