quarta-feira, janeiro 12, 2011

Candidatos que ficaram pelo caminho apoiam José Manuel Silva para bastonário da Ordem dos Médicos

Segundo o Publico, num trabalho da sua jornalista Romana Borja-Santos, “a segunda volta das eleições para bastonário da Ordem dos Médicos realiza-se no dia 19 de Janeiro entre Isabel Caixeiro e José Manuel Silva. Apesar do quase empate entre os dois clínicos, que na primeira volta ficaram separados por apenas 97 votos, o segundo escrutínio pode sofrer uma reviravolta: os dois candidatos que ficaram pelo caminho vão apoiar José Manuel Silva e participaram esta sexta-feira num jantar de apoio à sua candidatura que decorreu em Lisboa e que contou com cerca 150 pessoas. Na primeira volta, que se realizou a 15 de Dezembro, de acordo com o site da Ordem dos Médicos, "verificaram-se percentagens de votação próximas entre os dois candidatos". Isabel Caixeiro reuniu 37,77 por cento dos votos, enquanto José Manuel Silva ficou à frente com 38,78 por cento. Já os candidatos que ficaram para trás reuniram quase 20 por cento dos votos. Jaime Teixeira Mendes ficou com 9,65 por cento e Manuel Brito com 9,3 por cento – valores que juntos podem ser determinantes nesta segunda volta que se destina a eleger o bastonário que substituirá Pedro Nunes para o triénio 2011/2013. José Manuel Silva explicou ao PÚBLICO que quer "imprimir um novo ciclo de funcionamento mais democrático, transparente e participativo na Ordem" e "recuperar a dignidade dos médicos". Sobre o apoio dos candidatos que não conseguiram passar à segunda volta, considerou que podem ser “determinantes” para o sucesso da sua eleição e, também, para dar um novo fôlego à ordem – já que tentou agregar o maior número de colaborações possível para que a classe se reveja na sua candidatura e para que “volte a ficar unida”. Assim, descreve a sua candidatura como “colectiva”, apesar de ser a “face mais visível”. Sobre a actual política de saúde, acredita que a ordem pode e deve ser mais participativa, e promete tentar fazer que a tutela recue em alguma ideias, como obrigar os médicos a terem durante os primeiros anos dedicação exclusiva ao Serviço Nacional de Saúde e a terem de pagar uma indemnização se transitarem para o privado. “Os médicos mais novos pagam a sua formação com o seu trabalho, pelo que esta ideia não faz sentido”, defendeu.
Acolhimento das ideias dos outros candidatos
Manuel Brito explicou que reconhece o trabalho da candidata Isabel Caixeiro, mas justificou o seu apoio a José Manuel Silva com a abertura do candidato para acolher as suas ideias e com a importância da ordem ter um gabinete de estudos que permitam um trabalho e propostas mais consistentes. Brito destacou também que pretende trabalhar na revisão dos estatutos da ordem. Por seu lado, Jaime Mendes acredita que este candidato vai ter uma postura mais activa que "permitirá abrir a ordem aos médicos e torná-la mais democrática", tendo por isso decidido apoiá-lo. Chegou a ponderar a abstenção, mas entende que a união é mais importante neste momento. Depois jantar, onde estiveram presentes várias caras conhecidas como o director da Faculdade de Medicina de Lisboa, Fernandes e Fernandes, o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, Correia da Cunha ou o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Mário Jorge Neves, seguiram-se alguns discursos de apoio. O presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Carlos Arroz, não conseguiu estar presente no evento mas enviou uma mensagem que foi lida e onde afirmou que decidiu apoiar José Manuel Silva depois de ter “tomado conhecimento da forma preocupantemente leviana com que a nossa colega Isabel Caixeiro se referiu à situação que se vive na Madeira, ofendendo a abnegada luta dos seus pares por melhores condições de trabalho e por melhores condições de exercício da Medicina”. Arroz, que na sua mensagem classificou a actual Ordem dos Médicos como “destroçada”, pediu que o candidato se reja sempre pelos princípios da “honestidade” e “verticalidade”.
Fracturas com o actual bastonário
Também o antigo bastonário Santana Maia enviou um longo discurso onde reforçou a sua solidariedade com o candidato, em especial em questões fracturantes do mandato do actual titular do cargo, Pedro Nunes, que apoiou nas últimas eleições. Segundo Santana Maia, o tema das carreiras médicas abriu “um processo fracturante interno, deixando a Ordem dos Médicos totalmente bloqueada e partida”. O médico descreveu José Manuel Silva como o “candidato da mudança necessária, dando o seu contributo para liderar o projecto que visa mudar o actual panorama e dar à Ordem dos Médicos a representatividade que deverá ter na sociedade portuguesa, defendendo os Médicos, os Doentes e a Saúde, com qualidade, estratégia, dignidade, rigor, firmeza e profissionalismo”.Já Fernandes e Fernandes destacou o “grito de alma [de José Manuel Silva] que encontrou eco no descrédito da Ordem dos Médicos, que se fechou sob si própria”, e disse esperar que o candidato consiga pôr termo ao facto de os médicos serem sempre “o bode expiatório das disfunções do sistema de saúde”. Já Linhares Furtado, mandatário nacional da candidatura, sublinhou a vontade de “renovação e cooperação” para que os médicos não passem de “servidores a serviçais”. José Manuel Silva, especialista em medicina interna, lidera secção Centro e garante que a sua candidatura representa uma mudança em direcção à modernização da ordem, que pretende tornar mais interventiva no desenho das políticas de saúde e mais próxima do ensino universitário, para garantir formação de qualidade em todos os níveis de ensino. Já Isabel Caixeiro, especialista em medicina geral e familiar, é actualmente presidente da secção Sul da Ordem dos Médicos. Tem-se assumido como uma candidata de continuidade em relação ao actual bastonário, Pedro Nunes, apesar de entender que a ordem precisa de uma voz mais activa na sociedade, na definição de políticas de saúde e no reposicionamento dos valores da medicina e dos médicos. Comprometeu-se também a rever os estatutos da ordem. Em Dezembro só foram apurados os resultados de Miguel Guimarães, que liderava a única lista concorrente para a secção regional do Norte da Ordem dos Médicos. Fernando Gomes e Pereira e Coelho venceram a eleição para a liderança das secções regionais do Centro e do Sul, respectivamente”.

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