quarta-feira, janeiro 19, 2011

Alberto João Jardim: o primeiro texto depois do susto

"Muito obrigado! Traduz tudo o que me vai na alma, neste primeiro escrito após o “percalçozinho” de saúde que me aconteceu.Um muito obrigado, bem, bem sentido. Não encontro outra forma de reconhecimento tão claro e tão íntimo, na língua portuguesa.Obrigado a toda a equipa médica da Unidade de Cardiologia – não sei se é este o nome certo – que tão bem cuidou de mim. A chefia serena e eficiente do Dr. Jorge Araújo, a par da sua intervenção médica operacional, as mãos e a Arte do Dr. Drumond, a orientação disciplinadora e discreta do Dr. Décio, o Dr. António Feitas a observamos a bandeira do “nosso” Marítimo nos Barreiros, os restantes Médicos deste Serviço onde vim encontrar jovens cardiologistas, Homens e Senhoras já “estrelas” da sua especialidade.Obrigado à equipa de Enfermagem, a todos sem excepção. Eu já sabia do seu extraordinário profissionalismo e competência, pois de certo modo acompanhei a sua formação académica e humana, cá na Madeira.Mas estou rendido à maneira de ser de cada um, à simpatia permanente, à palavra amiga, o humor que contagia, tudo a tornar impossível não recuperar, excepto quando infelizmente não haja mesmo solução.Obrigado aos Técnicos ligados a este sector de saúde, a mesma eficácia, a mesma simpatia, o mesmo incutir de nova vontade de viver.Obrigado ao pessoal auxiliar – também não sei se é assim que se diz, com tanta inflação legislativa!... – sempre prontos, sempre disponíveis e com grande carinho!Obrigado a toda a capacidade de direção, coordenação e eficiência do Director Clínico hospitalar, Dr. Miguel Ferreira, o que aliás confirmou a competência que sempre lhe reconheci, mas obrigado sobretudo pela sua amizade. À chegada ao Hospital vi-o tão aflito, que cheguei a pensar o enfarte ser nele...Um obrigado ao meu primo António Almada Cardoso, não só pelo acompanhamento como cardiologista, mas sobretudo como vi os Serviços Hospitalares funcionar.E, portanto, felicito o Secretário Regional, Francisco Jardim Ramos.Mas, sem estabelecer qualquer hierarquia nestes agradecimentos – os riscos da injustiça!... – sem dúvida que a prontidão do Dr. José Miguel Mendonça me salvou a vida, pois apareceu logo que me queixei, olhou para mim e disse: “já para o Hospital!”, e desatou a guiar como se estivesse na “Fórmula um”. Deve ter umas multazinhas para pagar, por passar “sinais vermelhos”...E obrigado por continuar a me acompanhar, a seguir e... a dar ordens!... Aliás, é o Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, o único Órgão do qual dependo...Tenho também de agradecer aos meus amigos do Corpo de Segurança da Polícia. Montaram, dia e noite, um sistema que impediu a mínima perturbação exterior ao plano determinado pelos Serviços Hospitalares.Obviamente que houve que montar um esquema controlado sobre as visitas, muito limitado para que ninguém se sentisse desconsiderado. Mas a presença diária da minha família, as palavras de conforto de Sua Excelência O Representante da República e de Sua Excelência Reverendíssima O Senhor Bispo, toda a minha equipa de Governo a me pôr o mais descansado possível com o correr da vida pública, a informação calmante que me levava o meu Gabinete, o Jaime Ramos – que até detesta entrar em hospitais – a me ir dizendo “não te preocupes com o Partido e com as eleições”, a visita de vários Médicos e Enfermeiros de outros Serviços, tudo, tudo, tanto me ajudou.E as pessoas fantásticas também internadas na mesma Unidade hospitalar, todas elas cheias de Esperança, positivas, um sorriso tão bondoso sempre que conversávamos!...Quando comecei a caminhar pelos corredores, que convivência tão simpática com todos, fossem doentes, fossem visitas destes, com quem me cruzava!E muito, muito reconhecido, tenho de agradecer a Todos os que se interessaram por mim, Amigos ou Adversários, cá e lá fora, os sinais, as mensagens, os recados tão tocantes que me enviaram. Até o Coronel Morna me mandou um livro sobre... Salazar!Um internamento hospitalar é daqueles momentos, na vida, que até nos faz e dá tempo para pensar. Sobre o passado e sobre o futuro.Sem dúvida que um acontecimento de sucessivas experiências novas, a começar pelas maravilhas da Tecnologia que, mercê da anestesia meramente local, nos permitem seguir num ecrã de televisão, a intervenção que mostra o nosso próprio coração a lutar pela vida.Aliás, nesta área que vai da cirurgia cardíaca a tudo o que do foro cardiológico, o Funchal, com Lisboa e Porto, são considerados os três centros nacionais de excelência. E com paridade aos melhores centros europeus, como o têm reconhecido muitos turistas que tiveram ali de acorrer.Mas, em todas as reflexões que o internamento hospitalar nos propicia em catadupa extremamente sequencial, há uma que me marcou. E me leva a interrogações.Em tão poucos dias, num espaço tão pequeno, só vi gente boa. Há tanta gente boa!Há tanta capacidade para a solidariedade, a amizade, a dedicação, a Esperança!... Tanta gente que tão bem sabe assim estar na vida!Então, porque é o mundo tão complicado?...Porque não vão àquele cantinho do Hospital, aprender com tanta gente boa?...Sem adoecer, desejo.Ah! Falta um último e principal obrigado.A Deus.E um compromisso com aquele Senhor mais idoso, internado ao lado e que infelizmente ainda lá ficou, mas com um sorriso sempre tão bondoso e tão lindo, digno dos maiores retratistas.Havemos de jogar a “bisca” prometida!" (artigo de opinião, intitulado "Há tanta Gente boa!", publicado hoje no Jornal da Madeira)

Sem comentários: